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Entre a carreira e a família

19.11.2004


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Ruben Eiras

NAS últimas duas décadas do século passado, o aumento da participação das mulheres portuguesas no mercado de trabalho foi acompanhado de uma diminuição na taxa de fertilidade. Com efeito, enquanto em 1980, cada mulher gerava, em média, 2,3 filhos, em 2000 esse valor baixou para 1,4. A média da OCDE é de 1,8. Por sua vez, a taxa de actividade laboral feminina em 1980 situava-se pouco abaixo dos 50%, passando para mais de 60% no ano 2000. Os resultados estão no último relatório daquela organização da série «Babies and Bosses: Reconciling Work and Family Life».


De acordo com a análise daquela organização, esta tendência pode ter graves consequências negativas no que diz respeito à oferta de mão-de-obra no futuro e à sustentabilidade financeira dos sistemas de segurança social.

Uma das principais causas para esta situação em Portugal é o adiamento da idade em que os jovens adultos estabilizam as suas carreiras. Segundo a OCDE, isto não só é gerado pela educação mais prolongada e pela entrada mais tardia no mercado de trabalho, mas também pela alta taxa de compra de habitação.

«A análise mostra que os países onde a taxa de proprietários é mais elevada — em Portugal é de 75% — e a compra de casa é comum para jovens adultos, os aumentos dos preços das casas contribuem para o adiamento da formação de família»
, lê-se no documento.

Para inverter esta situação, a OCDE sugere que Portugal tome como exemplo os países escandinavos. Este conjunto de nações também possui uma taxa de participação feminina na ordem dos 60% (como Portugal), mas as suas taxas de fertilidade mantêm-se na média da OCDE, assegurando assim a renovação da sua população.

«Isto indica que as políticas estatais mais promissoras para aumentar as taxas de fertilidade são as que oferecem um serviço de creches com qualidade e a preços aceitáveis, como também promovem empregos qualificados em sistema de tempo parcial», remata o relatório.





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