Para já são apenas dez os estudantes da Escola de Hotelaria de Colares (EPAV) em funções no Hotel Escola Sarrazola, implantado na Quinta da Sarrazola, em Colares (Sintra), a mesma que acolhe também a escola que os forma, a EPAV. A unidade abriu no passado mês de abril e desde então vindo a competir entre a oferta turística localizada em redor do Parque Natural de Sintra, mas tem também servido de tubo de ensaio e de palco de contacto entre os estudantes e clientes reais. Uma ligação prática que para José Luís Fernandes, diretor da escola, “é fundamental para a qualidade da formação e para a preparação dos alunos enquanto profissionais”.
O sonho de construir um hotel real que aproximasse os alunos da realidade do quotidiano profissional era antigo. Com uma aposta de ensino muito voltada para a componente prática, a EPAV iniciou o projeto de construção do hotel em 2007 e só agora a unidade abriu portas. Em velocidade de cruzeiro, o Hotel Escola da Sarrazola será capaz de albergar em simultâneo 60 estudantes da EPAV, oriundos de várias áreas de especialização, além do corpo permanente de profissionais da unidade. “Neste momento, além dos 10 estudantes o hotel integra um número igual de profissionais mais experientes, alguns professores da escola e outros recrutados no mercado”, explica o diretor. Uma combinação equilibrada que considera determinante para o acompanhamento destes jovens profissionais no seu percurso inicial de carreira. Contudo, o diretor esclarece que o número de jovens deverá subir já em setembro. “Os estágios dos nossos alunos nas empresas têm inicio em março e como a unidade só abriu portas em Abril, muitos dos nossos estudantes já estavam colocados noutras unidades a consolidar a parte prática da sua formação. Nos próximos estágios o número de alunos será superior”, explica.
Com cerca de 400 alunos, a EPAV posiciona-se como uma escola profissional que constitui uma alternativa à oferta do ensino secundário regular na região de Colares. Nesta escola que conta com um quadro técnico de 50 professores, formam-se técnicos de cozinha e pastelaria, restaurante-bar, turismo ambiental e rural, técnicos de higiene e segurança no trabalho e técnicos de proteção civil. Durante anos, a parte prática da formação era treinada nos diversos “laboratórios” que a EPAV tinha em funcionamento no seu edifícios académico. O novo contexto de treino, garante José Luís Fernandes, beneficiará não só a formação dos alunos como a qualidade do seu desempenho profissional futuro. “É substancialmente diferente treinar os alunos em laboratórios práticos e em contexto real de trabalho. O contacto com o público que agora podemos promover é vital para a sua formação”, explica.
Com um protocolo firmado com o Ministério da Educação, a escola não cobra propinas aos alunos e regista uma taxa de empregabilidade superior a 90% nas várias áreas que leciona. Foi de resto um acordo com o Governo que permitiu a cedência de um terreno outrora ao abandono à EPAV para que o recuperasse e criasse lá uma escola de formação profissionais e, hoje, também um hotel. A unidade hoteleira da Sarrazola está implantada numa quinta de 12 hectares onde, além da formação e do alojamento, são produzidos fruta e legumes para consumo próprio e venda externa, há criação de animais e plantação de ervas aromáticas. Tudo faz parte do treino dos alunos que, com supervisão superior e em regime de aula, produzem pastelaria (essencialmente para consumo interno) e pão, totalizando cerca de oito mil pães por semana.
Segundo José Luís Furtado, o Hotel Escola da Sarrazola está preparado para receber eventos de empresas e gastronómicos, bem como para acolher workshops.
Experiências que resultarão sempre em aprendizagem para os alunos da escola. O projeto está, como explica o diretor, em permanente evolução sem contudo se desviar do seu objetivo inicial: criar na Quinta da Sarrazola um ecossistema de ensino prático, capaz de dar aos alunos a possibilidade de contactarem com o turismo real antes de se lançarem no competitivo mercado de trabalho.