Ruben Eiras
Portugal tem a taxa de sobrevivência de empresas
de TIC mais alta da UE: cerca de 97%
PORTUGAL tem a mais alta taxa de sobrevivência de empresas de
tecnologias de informação e comunicação
(TIC) da UE.
Das empresas criadas em 1998, mais de 97% sobreviveu depois de um ano
de actividade e 80% passados dois anos, criando assim um nicho de emprego
qualificado estável no sector privado nacional. Este é
o resultado em destaque das últimas estatísticas sobre
a sociedade da informação na Europa elaboradas pelo Eurostat.
O mesmo documento mostra que entre 1998 e 2000 se vem acentuando a tendência
de diminuição do emprego no sector industrial das TIC
e de aumento no dos serviços deste sector.
Com efeito, naquele período, o emprego industrial diminuiu de
28 mil pessoas empregadas para 21 mil. Por outro lado, os postos de
trabalho no sector dos serviços subiu de 72400 para 72700.
De acordo com Jaime Quesado, gestor do Programa Operacional para a Sociedade
da Informação (POSI), a razão por trás destes
dois indicadores assenta num aumento da procura de soluções
TIC e de telecomunicações por parte dos sectores empresarial
e estatal.
"Por isso, o emprego no sector dos serviços das TIC aumentou
e tenderá a focalizar-se nos segmentos de 'after-care', ou seja,
na lógica de valorização do serviço personalizado
e à medida das necessidades específicas das organizações,
em detrimento da manufactura do produto", explica aquele responsável.
Ou seja, por outras palavras, o mercado português das TIC está
a especializar-se em saber "encaixar" os produtos segundo
as exigências de cada cliente.
"Esta é a razão da alta taxa de sobrevivência
das empresas TIC no nosso mercado: com a globalização
dos negócios e a permanente renovação dos produtos,
serviços e processos, as empresas são obrigadas a responder
em tempo real às solicitações dos clientes",
explicita Jaime Quesado.
Todavia, apesar desta boa "performance", o peso do sector
TIC no total do emprego nacional ainda é diminuto: apenas 1,9%.
Para conseguir dinamizar a criação de postos de trabalho
neste segmento de actividade, Jaime Quesado defende a criação
de plataformas tecnológicas que articulem o Estado, o tecido
empresarial, as universidades e os centros de I&D no desenvolvimento
de novos produtos e processos de criação de valor acrescentado
(como o crescimento das exportações e da captação
de investimento).
A outra das frentes de luta é uma maior aposta na formação
técnica avançada de quadros da administração
pública, quadros e técnicos empresariais com competências
nesta área.