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Empreendedorismo social

Uma cooperativa de Carnida está a apoiar crianças pobres e ricas
13.01.2006


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Marisa Antunes

TER uma actividade lucrativa para subsidiar a sua actividade social junto de famílias carenciadas é o grande desafio que enfrenta a Cooperativa Horas de Sonho, uma instituição privada de solidariedade social com sede em Carnide, Lisboa.A cooperativa presta serviços em várias áreas como o «babysitting», apoio a actividades escolares ou a dinamização de férias, a preços sociais, nivelados pelos limitados rendimentos económicos de quem vive nos bairros sociais das redondezas. E apesar da ajuda da segurança social (que financia 500 horas mensais de «babysitting»), muitos são aqueles que ficam de fora (e que não conseguem apoio para as suas crianças), apesar de também deles necessitarem.

«Tivemos então de criar um modelo de sustentabilidade económica para financiar a nossa cooperativa e para isso contámos com a ajuda de um dos nossos coperadores, responsável pelo conselho fiscal, o professor Roque Amaro, docente no ISCTE e especialista em Economia Social», pormenorizou Carla Calado, presidente da Horas de Sonho.

Para tentar alargar as suas acções sociais, a Horas de Sonho começou recentemente a prestar serviços, a preços normais do mercado, não só ao nível da prestação de cuidados infantis ao domicílio, mas também na gestão de cantinas escolares, animação em festas e organização de aniversários.

«Damos atendimento personalizado aos pais (ou às empresas). Para a organização de um aniversário, a nossa intervenção pode incluir vários serviços, desde arranjar o local para a festa até à animação infantil. Ou em relação ao ‘babysitting’, pode abranger desde a prestação dos cuidados da criança até ao apoio escolar, para citar dois exemplos», explicou Carla Calado.

A cooperativa teve a sua origem em 1998, quando a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) constatou que no Bairro Padre Cruz, em Carnide, existiam várias crianças (cerca de uma centena), oriundas de famílias muito carenciadas, que admitiam ficar sozinhas ou com os irmãos, também menores, durante uma boa parte do dia e mesmo da noite. A melhor opção encontrada para estas crianças foi então o serviço de «babysitting», integrado depois num projecto com financiamento comunitário.

Terminado o período de atribuição da bolsa, em 2001, e não podendo a Santa Casa assegurar na totalidade a assistência de todas as crianças, proporcionou-se a criação da cooperativa de solidariedade social, independente da SCML, formalmente constituída em Agosto de 2002.

A partir daí, a cooperativa assinou protocolos de colaboração com várias instituições, mantendo a ligação das 500 horas de «babysitting» a preços sociais, actualmente subsidiados pela Segurança Social, com o Instituto do Emprego e Formação Profissional para a realização de estágios profissionais para educadores, a câmara municipal de Lisboa e várias associações de pais, entre outras.

Actualmente, a Horas de Sonho conta com 30 «babysitters» e mais uma dezena de pessoas, entre os quais um coordenador pedagógico, um técnico de comunicação e um animador sócio-educativo.





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