Cátia Mateus
Projecto Luso Partner apoia diáspora portuguesa
EM QUALQUER canto do mundo onde exista um português, há
uma oportunidade de negócio. É assim que Armindo Monteiro,
presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários
(ANJE), resume o mais recente projecto desenvolvido pela instituição
que lidera, e que encontra no primeiro-ministro Durão Barroso
um aliado de peso.
O projecto Luso Partner - a apresentar publicamente no próximo
dia 17 de Novembro -, propõe-se aproveitar o potencial da diáspora
portuguesa espalhada pelo planeta.
O objectivo é criar uma rede de parceiros em países onde
a presença portuguesa seja uma realidade vincada, para apoiar
os jovens empresários nacionais ou luso-descendentes nas suas
iniciativas empresariais. A meta é unir vontades de negócio
sem esquecer a visão internacional. A via é a da cooperação
e da partilha de risco.
A prioridade é o aproveitamento do potencial dos portugueses
fixados no estrangeiro e fomento do intercâmbio de negócios
entre Portugal e as comunidades lusitanas.
Para Armindo Monteiro, o conceito é simples e lógico:
"criar uma rede global que una empreendedores, potenciais empresários,
autoridades locais, associações sectoriais e outros intervenientes
no processo de criação, consolidação e expansão
de negócios".
Rumo à internacionalização
A ANJE tem cerca de cinco mil empresas associadas para as quais a exportação
é a solução para o escoamento dos seus produtos.
Os empresários lançaram à associação
o desafio de estreitar as relações entre os mercados nacional
e internacional, onde a presença portuguesa se faz sentir pela
via das comunidades de luso-descendentes.
Estados Unidos da América, Canadá, Alemanha, Brasil, Moçambique
e Angola são países na "mira" deste projecto
global que pretende também contribuir para a melhoria da situação
sócio-económica das comunidades portuguesas no mundo.
Com objectivos centrados no sucesso empresarial e na minimização
dos riscos de quem ultrapassa a fronteira para fazer negócios,
o programa obedece a uma linha de acção bastante ambiciosa.
De acordo com Armindo Monteiro, "tudo consiste em ter no estrangeiro
parceiros que auxiliem as empresas portuguesas a entrar nesse mercado
através de contactos e apoios nas formalidades legais".
Esses parceiros - que trabalharão em regime de voluntariado -
serão acreditados anualmente pela associação e
deverão fornecer-lhe informações regulares sobre
as oportunidades de negócios nos países onde residem.
A organização dos vários elos da cadeia Luso Partner
é materializada na criação de um interface Web
- www.lusopartner.com (disponível
a partir de 17 de Novembro) - e Armindo Monteiro garante que esta estrutura
será a base para "identificar o país, a região
onde investir, detectar as oportunidades de negócio e os organismos
facilitadores fundamentais ao processo".
O responsável acredita que a partir daqui é possível
entrar no mercado global minimizando os riscos inerentes ao processo
de internacionalização. Mas, além do interface
informativo na Web, o Luso Partner contempla ainda a organização
de encontros anuais com vista a reunir os vários elos da cadeia,
promovendo a criação de parcerias.
O primeiro destes encontros deverá ocorrer em 2005. Por sua vez,
a ANJE assegurará a formação de todos os "partners"
da cadeia. As acções formativas decorrem tanto em Portugal
como no estrangeiro.
Na fase inicial, a rede deverá integrar 30 parceiros.
Para Paulo Caria, responsável pelo projecto, o mais importante
é detectar ideias de negócio passíveis de serem
concretizadas. "Não queremos ter um milhão de
oportunidades possíveis, mas sim 100 oportunidades efectivas",
refere.
Nesta linha de acção, Armindo Monteiro aproveitou a sua
estada em Angola, onde integrou a comitiva de empresários que
acompanharam o primeiro-ministro que esta semana visitou aquele país,
para estreitar a relação empresarial e detectar potenciais
parceiros angolanos.
Uma meta que diz ter alcançado: "Há um clima fortemente
empreendedor neste território em reconstrução,
com recursos internos escassos e que por isso têm na abertura
ao exterior a sua potencialidade de expansão económica".
Ainda assim, o presidente da ANJE não nega que "a memória
histórica é uma barreira a transpor". Para Armindo
Monteiro, Angola vive entre duas gerações: "Os
empresários com memória (pré-25 de Abril) e a nova
geração de jovens empresários (pós-25 de
Abril), 'sem memória', sem constrangimentos, sem barreiras, aberta
à globalização".
Uma geração de futuro, com o desejo de levar a reconstrução
a Angola. O presidente da ANJE conclui, referindo que "aquele
país atravessa o seu melhor momento para captar o investimento
de empresários portugueses".
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