João Barreiros
AO CONTRÁRIO do que acontece noutras empresas espanholas estabelecidasem
Portugal, a maioria dos 2200 trabalhadores do El Corte Inglés é
de origem portuguesa.
Segundo a sua porta-voz, "a empresa preferiu
dar formação em Espanha a cerca de duzentas e cinquenta
pessoas,e limitou-se a enviar para Portugal os técnicos ligados
aos sistemas operativos".
A própria Susana Santos recebeu formação durante
cerca de seis meses para desempenhar as suas actuais funções,
acontecendo o mesmocom muitos dos seus colegas.
Apesar de ser uma das maiores empresas de origem espanhola a laborar em
Portugal, no El Corte Inglés será difícil encontrar
funcionários provenientes do outro lado da fronteira: "Mesmo
a nível das chefias, apenas um dos quatro directores que temos
é espanhol", sublinha a porta-voz.
A empresa considera que a penetração no mercado português
será mais fácilse se adaptar à cultura e às
regras de funcionamento das empresas nacionais.
Por isso, além de os trabalhadores serem maioritariamente portugueses,
também existem muitos produtos de origem local. "No início
estiveram aqui alguns técnicos para explicar qual o funcionamento
das caixas e de sistemas como o ar condicionado,mas mesmo esses já
se foram embora", adianta aquela responsável.
Depois de ter contactado com as duas realidades, a portuguesa e a espanhola,
Susana Santos considera que,de um lado e do outro, "a adaptaçãoà
realidade social e cultural é bastante fácil",
uma vez que não há grandes diferenças no modo de
vida de portugueses e espanhóis. Mas, apesar de tudo, o país
de origem acaba sempre por ser um factor de proximidade dos trabalhadores.
Ela própria sentiu isso quando, todos os meses, se encontrava no
distinto Hotel Palace, em Madrid, com os quadros portugueses ali residentes.
Encontros que chegaram a juntar mais de trezentas pessoas, algo impensável
há apenas alguns anos, quando as trocas comerciais entre os dois
países eram bem mais modestas.
Hoje, as duas economias vivem mais viradas uma para a outra, num quase
estado de graça.