Trabalho - Mercado de trabalho europeu parece, até agora, imune ao impacto da guerra na Ucrânia, escalada dos preços e subida dos juros, sem aumentos na taxa de desemprego. Em Portugal, desemprego subiu em maio e junho, mas de forma muito ligeira, apesar da travagem da economia. Número de desempregados permanece perto de mínimos das últimas duas décadas.
Guerra na Ucrânia sem fim à vista. Inflação na zona euro no máximo de muitos anos. Juros de mercado a subir desde o início do ano, antecipando o aumento de taxas diretoras, que o Banco Central Europeu concretizou em julho. Economia em abrandamento e riscos de recessão. A conjuntura não é animadora e tem impacto negativo na confiança dos agentes económicos. Seria de esperar também um agravamento do desemprego, com as empresas a preparem- se para tempos mais difíceis adiando contratações ou, em casos mais graves, começando a reduzir.
Mas a realidade do mercado de trabalho da zona euro, pelo menos até agora, é bem diferente. A taxa de desemprego não está a subir. Mantém-se, aliás, estável nos 6,6% em junho, valor inalterado face a maio e abril, ligeiramente inferior aos 6,7% de março e EMPREGO bem abaixo dos 7,9% de junho do ano passado, indicam os dados mensais do Eurostat, que são ajustados dos efeitos da sazonalidade. No conjunto da União Europeia (UE) a tendência é a mesma. Em junho, a taxa de desemprego manteve- se nos 6%, inalterada face a maio e abaixo dos 6,1% de março e abril e dos 7,2% de junho de 2021. Aliás, em todos os 27 países da UE a taxa de desemprego em junho ficou abaixo do mesmo mês do ano passado.
Taxas abaixo dos 3%
Numa lista onde República Checa, Polónia e Alemanha registam as taxas de desemprego mais baixas, todas inferiores a 3%, Portugal tinha a nona taxa mais elevada em junho, com 6,1%. Um valor mais elevado do que a média da UE, mas aquém da média da zona euro. A taxa de desemprego no país subiu ligeiramente nos últimos dois meses — passou de 5,9% em abril para 6,1% em junho —, mas mantém- -se num patamar historicamente baixo face ao registo das últimas décadas na economia portuguesa.
Segundo os dados mensais do Instituto Nacional de Estatística (INE), que são ajustados do efeito da sazonalidade, o número de desempregados em Portugal está a subir desde março, atingindo 313,7 mil pessoas em junho. Contudo, mantém-se perto do mínimo das últimas duas décadas, atingido em fevereiro deste ano, nos 300,9 mil desempregados. Quanto ao emprego, apesar de estar a recuar desde março, ficando nas 4,856 milhões de pessoas em junho, mantém-se perto do máximo da série do INE, que começa em 1998, que foi atingido em fevereiro deste ano, com 4,886 milhões de pessoas empregadas no país.
Com o desemprego jovem contido — em junho ficou abaixo do registado um ano antes em 25 dos 27 países da UE, Portugal incluído — e a taxa de subutilização do trabalho no país — conceito que, além dos desempregados, abrange os inativos disponíveis para trabalhar, mas que não procuram ativamente emprego, e os inativos que procuraram trabalho mas não estavam disponíveis no imediato — num patamar historicamente baixo, o mercado de trabalho resiste à degradação da conjuntura.