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Desemprego cresce entre os jovens

O desemprego entre os 16 e os 24 anos está a aumentar a nível mundial e segundo, a Organização Internacional do Trabalho, atinge níveis preocupantes
03.11.2006


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Cátia Mateus O desemprego entre os jovens está a aumentar. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) fala de uma “crise mundial” e revela no seu relatório ‘Tendências Mundiais do Emprego Juvenil', agora divulgado, números preocupantes. Entre 1995 e 2005, o desemprego juvenil (dos 15 aos 24 anos) subiu de 74 para 85 milhões. Esta radiografia revela-se ainda mais dramática quando a organização avança que mais de 300 milhões de jovens trabalhadores (aproximadamente 25% da população jovem) vivem precariamente com menos de dois euros por dia. De acordo com a organização, serão necessários cerca de 400 milhões de novos empregos para dar resposta à capacidade produtiva dos jovens e ajudar a inverter esta tendência.


Tânia Lourenço tem 22 anos e já passou mais tempo à procura de emprego do que propriamente empregada. Desistiu de estudar quando concluiu o 12º ano e a sua experiência profissional na área administrativa não se tem revelado suficiente para alcançar um emprego. Até aqui o seu currículo profissional tem-se resumido a empregos temporários, “com longos tempos de inactividade pelo meio”, constata a jovem.

Quando concluiu o 12º ano ainda conseguiu um emprego num escritório de engenharia, mas “findas as possibilidades de renovação do contrato e na altura da passagem ao quadro, a empresa optou por recorrer aos serviços de um trabalhador temporário e assim se mantém até hoje”. Tânia está desempregada há seis meses.

História semelhante tem Tiago Prates. É licenciado em psicologia e o único contacto que teve com a sua área de formação foi durante o estágio, há cerca de dois anos. “Tive de optar por outras áreas para conseguir sustentar-me. Ultimamente tenho colaborado pontualmente em ‘call centres' e mesmo assim é frequente ouvir dizer que tenho excesso de qualificações para o cargo”, relata. Tiago está há dois meses sem qualquer actividade profissional e pondera tentar a sua sorte no estrangeiro, sem certezas de que a sua sorte seja melhor nesse destino.

Apesar destes casos, a União Europeia não é, segundo a OIT, o caso mais problemático em matéria de desemprego juvenil. Na verdade, a UE foi a única que segundo a OIT fugiu a esta conjuntura generalizada. Os casos mais dramáticos de aumento do desemprego no escalão 12 - 24 anos ocorram no Médio Oriente e no Norte de África, com um crescimento conjunto de 25,7%, em dez anos.

Além desta percentagem, a pobreza dos jovem empregados é também alarmante e muitos dos que têm emprego vivem no limiar da pobreza. De acordo com o relatório da OIT, “os jovens têm três vezes mais probabilidades de ficar sem emprego do que um adulto” e numa análise global, os jovens representam já quase metade dos desempregados.

Para o director-geral da OIT, Juan Somavia, “não estamos só a assistir a um crescimento deficitário de oportunidades de trabalho com qualidade e a elevados níveis de instabilidade económica. Estas tendências preocupantes ameaçam comprometer o futuro dos nossos jovens, se não forem combatidas”.

O relatório enfatiza as vulnerabilidades que enfrentam os jovens no mercado de trabalho mundial e para Juan Somavia é urgente que sejam delineadas estratégias capazes de garantir aos jovens profissionais a oportunidade de maximizar o seu potencial produtivo pela via do emprego com qualidade e não do trabalho precário.

A OIT desmistifica ainda algumas ideias preconcebidas no que toca ao desemprego entre os jovens, revelando que nesta tendência de crise laboral generalizada nem os qualificados estão a salvo e ter uma licenciatura não é condição ‘sine qua non' para conseguir um emprego de qualidade. Há ainda a questão das desigualdades de acesso ao mercado de trabalho entre os jovens. O sexo e raça ainda pesam no momento da contratação. E o documento regista também um "preocupante" aumento no número de jovens que não trabalha nem estuda. Juan Somavia não tem dúvidas de que “um jovem cuja primeira experiência no mercado de trabalho seja o desemprego de longa duração, tem maiores probabilidades de na sua vida laboral futura se movimentar entre as situações de inactividade e o emprego precário”. O seu futuro poderá passar por trabalhar muitas horas, ganhar pouco e não ter qualquer protecção social.





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