Ser promovido e ver o mérito do seu desempenho reconhecido dentro da empresa é a aspiração de qualquer profissional, sobretudo se isso implicar um acréscimo de remuneração e outros benefícios extra-salariais. Mas está enganado se pensa que a evolução ascendente é a única forma de progressão profissional. Já ouviu falar de “crescimento lateral”??
A sua avaliação anual de desempenho foi ótima, os objetivos foram plenamente atingidos e em seu redor conseguiu cimentar uma equipa motivada e comprometida com a missão da empresa. Como recompensa, os seus líderes oferecem-lhe um novo desafio de carreira, noutra área que não aquela onde habitualmente exerce funções. Encara-o como uma promoção? Os especialistas de aconselhamento de carreira dizem que o deve fazer, até porque, como realça Edmour Saiani, o empreendedor e coach e especialista em liderança, “é importante considerar sempre outras alternativas de evolução, entre as quais a mudança de área”. O especialista enfatiza que “evoluir e progredir não é ser promovido. É ser mais competente e mais feliz profissionalmente” e isso pode ser alcançado por vários caminhos. O fundamental, assegura, é saber que chegou o momento de mudar e evoluir, mesmo que o crescimento seja lateral.
Fatores a equacionar
Para guiar esta análise, há várias questões que se pode colocar a si mesmo. A primeira é se o que procura é um novo desafio mas sem, necessariamente, ter mais responsabilidade dentro da empresa. Se não se sente com vocação para chefiar equipas, por exemplo, o crescimento lateral pode ser uma boa opção de progressão para si. Outra das questões que deve analisar é a sua disponibilidade para eventuais situações de mobilidade geográfica. Se, por razões familiares, mudar de cidade ou até de país, faz parte das suas ambições, pode colocar essa questão à empresa e perceber se a empresa teria uma vaga para si noutra filial. ?
Embora estas figurem entre as principais motivações para uma progressão lateral na carreira, há outros fatores que podem pesar na adoção desta estratégia e que devem ser avaliados, como sejam um mau relacionamento com o chefe ou algum colega da sua equipa, a terceirização de serviços, que muitas vezes abre caminho a que os profissionais escolham permanecer na mesma empresa e mudar de área, a necessidade de conciliar a atividade profissional com a realização de um MBA ou outro tipo de formação, e que pode obrigar a adaptações profissionais que permitam conciliar o ritmo académico com o profissional.
Para o especialista, analisar tudo isto é fundamental para perceber se está preparado para uma eventual mudança de área, para um ramo que não conhece bem, mas que pode constituir uma importante fonte de aprendizagem e alavancar a sua carreira, mesmo que isso não represente um incremento salarial ou a subida de qualquer degrau na escadaria da profissional. ?Particularmente utilizado em empresas flexíveis, cuja estratégia de retenção de talento está sustentada no reconhecimento, valorização e motivação dos seus profissionais, a progressão lateral comporta também vários benefícios para as organizações. Entre eles destacam-se a retenção dos bons profissionais e a redução dos custos associados a novas contratações e formação de novos profissionais.