Fernanda Pedro
Actualmente, abraçar uma carreira na polícia pode ser uma solução para muitos dos jovens que querem iniciar uma actividade profissional. A prova disso é o número de candidatos ao concurso de admissão na Guarda Nacional Republicana (GNR) para o biénio de 2005/2006 — que foi de 19.979 candidatos para 1 100 vagas. O número de candidaturas tem vindo a aumentar anualmente. Para as cerca de 1000 vagas que abrem todos os anos, os candidatos passaram de 9.299, em 2001/2002, para 15.939, em 2204 e para os cerca de 20.000 no corrente ano.
Segundo o tenente-coronel Costa Cabral, chefe de repartição de relações públicas da GNR, são vários os factores que levam os jovens a procurarem a GNR: «pelo desafio, pela aventura, mas muito também pela estabilidade e segurança num mercado de trabalho instável e precário», revela. Mas, apesar da taxa elevada do desemprego contribuir para a procura de uma carreira militar, o responsável da GNR considera que, no caso dos oficiais, a vocação para esta profissão é o factor determinante na escolha. «Os oficiais estão conscientes que poderão obter uma maior remuneração numa carreira profissional fora da Guarda, por isso, a opção pela GNR é essencialmente por vocação», explica o tenente-coronel.
Também o tenente-coronel Miguel Rosa, responsável pela selecção e recrutamento da GNR, assegura que a Brigada de Trânsito da GNR, a Cavalaria, a brigada marítima, os cães e as motos, são unidades que despertam muito a curiosidade dos jovens e que são apelativas no momento da escolha. Para chegar a oficial é necessário tirar uma licenciatura em Ciências Militares na Academia Militar com especialidade em GNR e dentro do curso poderá escolher o ramo das armas — infantaria ou cavalaria ou da administração militar, bem como medicina ou mesmo veterinária. Já para praça é necessário um ano lectivo de formação. Ao longo da carreira, é proporcionada ainda formação contínua com cursos de qualificação.
E se, até há alguns anos atrás, ser GNR era exclusivamente uma profissão para homens, hoje, as mulheres candidatam-se cada vez mais a um lugar nos corpos da Guarda Nacional Republicana. Se, em 1994, ano em que foi permitido pela primeira vez o ingresso de elementos femininos nos quadros da GNR, concorreram 115 mulheres, em 2005 foram 3463 as candidatas femininas.
Também na Polícia de Segurança Pública (PSP), concorrem anualmente cerca de 1000 candidatos ao Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna e 5000 para a Escola Prática de Polícia. Em 2005, as 40 vagas para cadetes foram preenchidas bem como as 749 vagas para agentes. De acordo com Hipólito Cunha, responsável pelo gabinete de comunicação e relações públicas da direcção nacional da PSP, são também vários os factores que motivam os jovens a procurarem uma carreira na Polícia de Segurança Pública
Mas o que a PSP oferece pode ser um factor determinante nesta escolha. Hipólito Cunha refere que o vencimento durante a frequência do curso ou os vários subsídios são apelativos para os jovens. Além disso, as especializações em áreas como investigação criminal, trânsito, intervenções tácticas de manutenção de ordem pública (Corpo de Intervenção ou Grupo de Operações Especiais), segurança aeroportuária, inactivação de engenhos explosivos são, na opinião do responsável, outros atractivos da profissão.
Actualmente, a PSP é constituída por 19.675 homens e 1.423 mulheres, enquanto a GNR é constituída por 25.070 militares dos quais 640 são mulheres.