Cátia Mateus
O CENTRO de Formação Profissional do Artesanato
(Cearte) quer revolucionar o sector do artesanato em Portugal, pela via
da inovação. Trata-se de evitar o desaparecimento de alguns
ofícios apostando num sistema de formação que prepara
os artesãos portugueses para a gestão dos seus projectos
e concepção de produtos inovadores, com "design",
adaptados às tendências actuais e aptos a concorrer no mercado
global. O projecto arranca já em Outubro com o curso "Design
e Tendências de Mercado nas Artes e Ofícios", mas a
sua intervenção é bastante mais vasta e ambiciosa.
Luís Rocha, director do Cearte, não tem dúvidas de
que "face à conjuntura actual, há uma forte necessidade
de apostar na inovação de forma qualificada em grande parte
das produções artesanais, como forma de evitar o seu desaparecimento".
O responsável adianta que "é um facto que os artesãos
enfrentam a concorrência dos produtos provenientes da China e do
Leste Europeu, mas a verdade é que face a esta ameaça continuam
a produzir as mesmas peças, da mesma forma que o faziam há
20 ou 30 anos".
Uma prova de que o sector das artes e ofícios carece de um urgente
investimento em termos de inovação para que se possa apresentar
ao mercado de forma competitiva "e para que seja aos olhos dos
jovens uma área onde vale a pena investir".
Com base neste pressuposto, o centro de formação liderado
por Luís Rocha estruturou um projecto que abarca uma dupla vertente:
um estudo conjuntural sobre a realidade do mercado nacional na área
do artesanato e um curso de formação.
Com o estudo de mercado a nível nacional, o Cearte pretende efectuar
um levantamento das profissões em risco e das causas desta ameaça.
Com o curso de formação, a meta é colocar aos profissionais
novos rumos onde a inovação é condição
fundamental e "fomentar a parceria forte entre o artesão,
que domina o saber, e o 'designer', que domina a concepção".
Uma parceria que Luís Rocha diz ser essencial para travar o desaparecimento
de algumas artes tradicionais.
De Outubro até Abril de 2005, um conjunto de 20 artesãos
e "designers" - seleccionados das áreas da cerâmica,
têxtil, vidro e madeira - estarão envolvidos num programa
de formação com vista à criação de
produtos inovadores e qualificados que dêem resposta às demandas
do mercado. "O curso será orientado pelo técnico
espanhol Juan Carlos Santos, que detém uma vasta experiência
na área das tendências de mercado no sector do artesanato".