O recrutamento de gestores de topo está a aumentar nas empresas europeias e americanas, segundo o mais recente Boyden Executive Outlook, o estudo que avalia as perspetivas de contratação nas organizações, realizado globalmente pela consultora de executive search Boyden. De acordo com Trina Gordon, presidente e CEO da Boyden World Corporation, “até há bem pouco tempo, as empresas estavam a retrair-se no recrutamento de talento para posições de alto nível e posições seniores criticas e mostravam também reticências em realizar recrutamentos de longo prazo para a expansão de equipas, devido ao contexto económico”. Um cenário que a especialista diz estar a dissipar-se. “Com as economias globais a estabilizar, as empresas, particularmente nos EUA e na Europa, estão a investir mais no recrutamento e desenvolvimento de talento.
Para Trina Gordon torna-se óbvio que as organizações querem garantir que têm na sua equipa os elementos certos para ganhar uma vantagem competitiva nos mercados. Uma postura que transversal a quase todos os sectores e geografias. Toby Lapage-Norris, managing partner da Boyden Reino Unido explica que no mercado onde atua, “houve um aumento da confiança nos mercados domésticos no último trimestre, embora nos últimos anos, o foco tenha sido no crescimento dos mercados emergentes”.
No sector da Energia, explica Robert Travis, managing partner da Boyden Calgary (Canadá), “as empresas norte-americanas de produção de petróleo continuam sob muita pressão e com um range muito limitado de candidatos para funções específicas, particularmente quando assumem estratégias de investimento na área da energia não muito convencionais e que estejam a causar um forte crescimento”.
O especialista acrescenta que “operações de larga escala requerem talento sénior que consiga gerir equipas a diferentes níveis, por isso a procura por executivos que tenham esta capacidade é alta”. Para Robert Travis, a discrepância entre a idade e o talento disponível é um problema: “os baby boomers estão a reformar-se e a pipeline de candidatos com larga experiência é cada vez mais estreita”, explica. A procura por talento de liderança na Europa, Médio Oriente e África continua forte apesar do contexto económico, de acordo com Andy Baggus, partner da Boyden Reino Unido. Competências como liderança técnica, relações com entidades governamentais, responsabilidade social ou capacidade de supply chain continuam com muita procura.
Na área da saúde o cenário é semelhante. A capacidade de expansão internacional e o desenvolvimento de redes globais com stakholders chave, sobretudo no continente asiático, têm motivado o recrutamento para posições seniores, capazes de uma abordagem mais centrada no cliente, particularmente com o crescimento do turismo da saúde. “Na Europa Central e de Leste, a procura por executivos com experiencia local em vendas, marketing e regulamentação continua em alta, especialmente com a previsão deste mercado crescer mais do que o da Europa Ocidental, enfatiza Kerstin Roubin”, líder da área de Serviços de Saúde da Boyden Global e diretora da Boyden Aústria. Nos EUA, explica, o mercado de trabalho continua com uma tendência positiva com a recente abertura à entrada de startups biotecnológicas em bolsa e com a indústria farmacêutica a manter o seu foco no mercado demedicamentos para doenças raras, gerando maior procura por especialistas clínicos e de marketing. No Reino Unido, o sector está a ficar mais industrializado e focado, criando também mais postos de trabalho.
Indústria e retalho seguem movimentos semelhantes. Na Europa, as empresas que não expandiram as suas operações para a Ásia estão a montar operações industriais e de oustourcing na Europa de Leste, fortalecendo o recrutamento para diretores de operações e de produção ou diretores de compras. Em Singapura e no Sudeste Asiático, as empresas europeias estão a atualizar as suas sedes regionais para aproveitar ao máximo as oportunidades de crescimento e com isso, reforçam as contratações. No caso específico do Retalho/ Grande Consumo “o recrutamento está a focar-se em talento de marketing e estratégia, muito criativo e letrado em novas tecnologias, enquanto a base de consumidores, cada vez mais diversa e sofisticada, mais aspiracional e informada, traz uma enorme complexidade ao mercado”, explica Fay Voysey-Smit, líder de Grande Consumo da Boyden.
A indústria dos serviços financeiros também parece, segundo a consultora, dar sinais de crescimento. “O recrutamento de profissionais especializados em compliance, regulamentação e risco veio para ficar”, explica Jeanne Branthover, managing partner da Boyden Nova York que acrescenta: “os líderes em fuções financeiras e de tecnologias continuarão a ser solicitados enquanto as empresas mantiverem o foco na eficiência e em custos baixos para continuarem a ser competitivas no mercado atual”. A Tecnologia também está em alta. Para Vicky Maxwell Davies, partner da consultora no Reino Unido, “os boards vêem a tecnologia não só como um meio para eliminar custos mas também para criar uma vantagem competitiva”. E por isso, esclarece, “existe uma crescente procura por CIOS ao nível do conselho”. As empresa, enfatiza Maxwell Davies, estão a fazer esforços no sentido de consolidar os processos de IT a um nível global. “São necessários executivos seniores com soft skills criticas para enfrentar desafios técnicos complexos e transversais e continua a haver uma grande procura por candidatas do sexo feminino que são vistas como tendo maior facilidade em balançar a inteligência técnica e emocional que requerem este tipo de funções”, conclui.