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As carreiras do imobiliário

As carreiras do imobiliário

Nos primeiros nove meses deste ano, o sector do imobiliário e da construção criou, segundo a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, 9056 novos empregos no país, elevando para 620 mil o número de trabalhadores a nível nacional. O número permanece aquém dos 900 mil profissionais registados no período pré-crise, mas marca uma tendência de evolução positiva não só pelo crescimento dos postos de trabalho, como pelo nível de qualificações dos próprios profissionais que é cada vez maior. 

21.10.2016 | Por Cátia Mateus


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No ano 2000, o sector imobiliário empregava 900 mil profissionais em Portugal. Hoje são 620 mil, mas estão mais qualificados. De lá para cá, os vendedores deram lugar aos consultores. E não, não é um mero preciosismo de linguagem ou um nome mais “pomposo” para uma mesma atividade, comercializar imóveis. Os especialistas do sector garantem que tudo mudou nesta área, a começar pelas exigências que se colocam a quem quer construir uma carreira na atividade imobiliária. Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) realça mesmo que o aumento da profissionalização do sector foi “das poucas – senão mesmo a única – vantagens que a crise trouxe”. Na semana que antecede a segunda feira virtual de emprego da iniciativa Expresso Emprego Universidades Job Fair, dedicada ao recrutamento no sector imobiliário, ouvimos os líderes de empresas, parceiros de recrutamento e associações do sector sobre a empregabilidade no imobiliário nacional.

O relatório mensal do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), relativo à evolução do mercado de trabalho no mês de agosto, dá conta de um aumento de 1192 ofertas disponíveis no sector imobiliário face ao mês anterior, passando o sector a totalizar 3211 vagas de emprego. Uma parte significativa destas vagas será provavelmente preenchida por profissionais oriundos de carreiras tão diversas como a docência, engenharia, arquitetura, profissionais da banca, marketing, comunicação, design, empreendedores e perfis de muitas outras especialidades. Se é uma última opção para profissionais que não encontram emprego na sua área de formação? Poderá ser para alguns, mas Sandra Soares, administradora do Knowledge Paradise Group, que agrega as empresas de recrutamento de perfis comerciais KPSA e SKSA, garante que o é cada vez menos. “Houve uma alteração do mind set, baseada num novo olhar sobre as profissões imobiliárias, que têm vindo a deixar de ser consideradas como algo pouco valorizado, como um fim de linha e um último recurso”, explica. Como consequência, o sector tem vindo a atrair um número crescente de profissionais, atraídos pela sua dinâmica.

A retoma do crédito à habitação, a dinâmica dos arrendamentos (sobretudo os sazonais) e a implementação de medidas de promoção do investimento imobiliário, têm alavancado a atividade no sector. O licenciamento de obras para novos edifícios cresceu 12% entre abril e junho deste ano e Portugal continua a estar na rota dos investidores internacionais para imobiliário de luxo, segundo diversos rankings da especialidade. Ora, este novo contexto coloca exigências acrescidas aos profissionais do sector. Luís Lima, o presidente da APEMIP, confirma que a crise recente do sector e a expansão que está a registar, com uma grande orientação para mercados e clientes internacionais, forçaram os profissionais a adaptar-se aos novos paradigmas que o mercado impôs, onde a procura e a oferta são cada vez mais exigentes. Carla Rebelo, diretora-geral da Adecco Portugal, confirma que o sector “ainda não recuperou os empregos que eliminou no período de crise” mas “o interesse crescente de estrangeiros no país tem claramente contribuído para um incremento da valorização deste mercado” e a um recrutamento mais exigente e cirúrgico por parte das empresas. Profissionalização e qualificação são hoje palavras de ordem no sector.

A especialista destaca o aumento da procura de perfis para “funções comerciais e de direção e gestão de equipas” e acrescenta que a maior exigência que hoje se coloca aos profissionais “tem claramente a ver com o tipo de venda e de abordagem comercial consultiva deste mercado, assente num conhecimento específico do produto, da capacidade de negociação, fluência de idiomas, conhecimento de tecnologias e marketing digital e, principalmente, relacionamento interpessoal”. O emprego hoje criado no sector é diverso e cobre áreas como a mediação imobiliária, a construção, mas também várias outras atividades que se desenvolvem em paralelo como a gestão de arrendamentos, alojamento local, a gestão de condomínios, turismo ou hotelaria. Na generalidade destas atividade, o grau de exigência aumentou para os profissionais. Nunca como agora o emprego no sector foi tão qualificado. “O mercado está cada vez mais especializado”, realça Pedro Martins, senior manager da Michael Page Property & Construction. Segundo o responsável as empresas “procuram profissionais com forte visão estratégica e técnica, que pretendam apoiá-las no cumprimento das suas metas e objetivos”. Gestores de projeto, diretores de obra, diretores de fiscalização, responsáveis de desenvolvimento de negócio e perfis comerciais muito qualificados e experientes e funções técnicas de suporte, podem vir a registar um reforço na procura a curto médio prazo.

João Apolinário, diretor de Recursos Humanos e Expansão da Remax Vantagem, recruta e forma anualmente mais de 100 consultores para as suas agências. A maior fatia têm qualificação superior em áreas que não estão diretamente relacionadas com a atividade imobiliária. O líder reconhece que o sector tem conseguido atrair profissionais das mais diferentes áreas que nele procuram uma oportunidade de reconversão profissional. João Apolinário reconhece que “ninguém nasce com o sonho de um dia ser consultor imobiliário” e que a atividade “aparece na vida das pessoas das mais diversas formas”, mas acrescenta que “o número de pessoas com outras qualificações que começaram a olhar para esta área cresceu consideravelmente” e que o mito dos “vendedores de casas como pessoas que não sabiam fazer mais nada” está ultrapassado. A crise ajudou a elevar a credibilidade do sector e transformá-lo numa área com perspetivas de desenvolvimento de carreira muito aliciantes, assegura.



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