Fernanda Pedro
Carlos Moedas, actual director-geral da Aguirre Newman Portugal e membro da comissão-executiva da empresa em Espanha realizou grande parte do seu percurso profissional no estrangeiro mas em 2004 regressou a Portugal. Quando saiu do país em 1993, o mercado de trabalho estava deprimido e a vontade de conhecer mundo levou-o a apostar numa carreira internacional. Mas a diferença entre esse ano e o actual é na sua opinião «abismal».
Todos os seus amigos o desaconselharam a regressar pois, segundo eles, o país estava acabado. Mesmo assim, o director acreditou nele e encontrou um país diferente. Carlos Moedas, exemplifica mesmo essa diferença: «quando eu saí, o edifício Monumental era um dos poucos edifícios de escritórios com ‘standards' europeus, hoje temos em Lisboa mais de 3 milhões de m2 e uma indústria de Fundos de Investimento Imobiliário de mais de 8 mil milhões de euros».
Carlos Moedas iniciou a sua actividade de trabalho em Setembro de 1993 em França, numa das maiores multinacionais na área do ambiente, o Grupo Suez. «O mais interessante, é sem dúvida a forma como encontrei o meu primeiro emprego. Nessa altura eu estava a fazer um programa Erasmus na École des Ponts de Paris e comprava religiosamente o EXPRESSO todos os sábados para me manter em contacto com o país. Um desses dias, vi um anúncio escrito em Francês à procura de um jovem licenciado em engenharia civil», lembra.
O profissional enviou uma carta para o jornal, em Portugal, e foi chamado para uma série de entrevistas com um «Headhunter» francês que o apresentou ao Grupo Suez. Os Estados Unidos da América também fizeram parte da sua caminhada profissional além-fronteiras. Em 1998 decidiu partir para os EUA para fazer o MBA — Master in Business Administration, em Harvard Business School.
«Penso que um MBA é essencial no percurso de um engenheiro, especialmente numa época em que pouco de gestão se ensinava aos engenheiros do Técnico. Em seguida direccionei a minha carreira para a banca de investimento e especializei-me em produtos imobiliários», explica o director. Esta foi para o responsável uma experiência única, sobretudo porque nos Estados Unidos «o sistema empresarial e universitário funciona de uma forma única no mundo», explica.
Carlos Moedas refere mesmo que «o nível de competição empresarial e universitário é só por si uma lição de vida». Passagem obrigatória E esta experiência internacional teve um grande impacto na sua personalidade e na maneira como vê o mundo, acreditando mesmo que a experiência internacional deveria ser «passage obligé» para todos os jovens.
Actualmente, Carlos Moedas considera que o mercado de trabalho é centrado no indivíduo. «Isto é, o indivíduo deve gerir a sua marca pessoal de forma a não perder valor de mercado. Hoje em dia, passar os primeiros 10 anos da carreira na mesma empresa é, a meu ver, perigoso. As empresas mudam constantemente e é essencial manter o nosso valor de mercado como um produto de investimento», salienta.
É por este motivo que aconselha a todos os que estão em início de carreira a arriscarem. «Se um dia perceberem que ao saírem da cama pela manhã sentem um nó no estômago, mudem imediatamente de rumo. Pensem que só podemos ser bons naquilo de que gostamos. Vi muita gente na vida a tentar forçar os seus gostos e aptidões para um dia serem médios em actividades que não se sentem atraídos. Devemos sempre apostar naquilo em que somos por natureza bons e tentar ser os melhores», conclui.
Perfil
Carlos Moedas nasceu em Beja em 1970, tendo-se licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico em 1993. O último ano foi feito na École Nationale des Ponts et Chaussées de Paris tendo de seguida trabalhado, até 1998, na área de engenharia para o grupo Suez Lyonnaise des Eaux em França.
Partiu então para os EUA onde obteve um MBA pela Harvard Business School entre 1998 e 2000. Até 2002 trabalhou no Banco de Investimento Goldman Londres, em fusões e aquisições, nomeadamente na área imobiliária.
Antes de ingressar na Aguirre Newman trabalhou ainda no Eurohypo Investment Bank (Grupo Deutsche Bank), banco especializado em aconselhamento imobiliário.