Cátia Mateus
        
        PORTUGAL perdeu capacidade empreendedora em 2004. De acordo com os dados 
        do último Global Enterperneurship Monitor (GEM), um estudo anual 
        que avalia os níveis de iniciativa empresarial na Europa, em 2004 
        o empreendedorismo português reduziu quase para metade quando comparado 
        com o ano de 2001. O país ocupa neste momento a 13ª posição 
        num «ranking» de 16 Estados-membros da União Europeia.
    
    
    
      
      
    
  
  
  
  
     
       
        
De acordo com o último GEM, enquanto em 2001 
          sete em cada cem portugueses - entre os 18 e os 64 anos - asseguravam 
          a gestão ou criação de novos projectos empresariais, 
          no ano passado esta média baixou para quatro empreendedores em 
          cada cem. Uma quebra significativa num país que há muito 
          batalha pelo fomento à iniciativa empresarial.
          
          O estudo acentua a insuficiência dos apoios financeiros e das 
          iniciativas ligadas ao empreendedorismo revela que, apesar de existir 
          uma consciencialização por parte do Governo para as necessidades 
          empreendedoras, «a morosidade do aparelho burocrático 
          resulta numa ineficiente interacção entre as agências 
          governamentais e os empreendedores». Por sua vez, o GEM confirma 
          também que «a todos os níveis, o sistema educacional 
          português não prepara os estudantes para tirarem partido 
          de novas oportunidades de negócio».
          
          Um dado curioso é o quase equilíbrio constatado entre 
          o número de empreendedores do sexo feminino e masculino em Portugal, 
          com as mulheres a totalizarem 48% da massa empreendedora. A taxa de 
          empreendedorismo feminino em Portugal é, aliás, semelhante 
          à dos Estados Unidos e superior à da Noruega, Dinamarca 
          e Finlândia, países com grande tradição de 
          paridade entre os géneros.
          
          Segundo o relatório, mais de 70% dos empreendedores portugueses 
          optam pelo sector de actividade dirigido ao consumo, seguido do sector 
          da transformação e dos serviços orientados para 
          clientes organizacionais. Acresce o facto de em Portugal existir um 
          número significativamente maior de indivíduos que se tornam 
          empreendedores movidos pela intenção de aproveitar uma 
          oportunidade de negócio, em comparação com os que 
          optam por esta solução por não encontrarem melhores 
          alternativas de emprego.
          
          O estudo salienta ainda os benefícios do recente aumento do número 
          de parques de ciência e tecnologia e de incubadoras de empresas, 
          mas crítica a aglomeração destas infra-estruturas 
          junto às zonas de Lisboa e Porto, quando deveriam espalhar-se 
          pelo país.
          
          Segundo o relatório, a quebra verificada no empreendedorismo 
          português não contraria a tendência europeia e surge 
          legitimada na retracção da economia a nível mundial.
          
          O projecto anual GEM é da responsabilidade do Babson College 
          e analisa a realidade empresarial de 34 países. Em Portugal, 
          o estudo resulta de uma parceria entre o Nova Fórum - Instituto 
          de Formação de Executivos, da Faculdade de Economia da 
          Universidade Nova de Lisboa, e a Sociedade Portuguesa de Inovação. 
          O GEM Portugal é desenvolvido no âmbito do Programa Operacional 
          Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS).