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85,7% das empresas TIC vão manter ou aumentar quadros

85,7% das empresas TIC vão manter ou aumentar quadros

Nada é imune à adversidade, mas no que toca à conjuntura nacional e em matéria de emprego, o sector das tecnologias de informação parece gozar de privilégios.
18.05.2012 | Por Cátia Mateus


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Na semana em que o Instituto Nacional de Estatística dá conta de uma subida da taxa de desemprego para os 14,9%, ficamos a saber que em 2012 a generalidade das empresas que operam na área das TI prevê manter ou até aumentar o seu número de quadros. A internacionalização dos negócios pode estar na base desta exceção nacional ao flagelo do desemprego. A internacionalização é, há muito, o fator-chave na estratégia de crescimentos das tecnológicas portuguesas. Uma estratégia inteligente que poderá ser a justificação para a dinâmica que o sector mantém no mercado nacional em matéria de emprego, mesmo quando as estatísticas nacionais colocam o país a braços com um dos seus maiores flagelos dos últimos tempos.

De acordo com os dados preliminares do 67º Hiring Survey 2012 da MRINetwork Portugal| CIGA - Coaching de Inspiração Grupanalítica, divulgados em exclusivo ao Expresso Emprego, “21,43% das empresas de tecnologias de informação pensam aumentar os seus quadros este ano e 64,29% prevê manter o número de profissionais”. A opção das principais empresas do mercado pelo crescimento ou manutenção dos seus postos de trabalho, demonstra que para lá da conjuntura, o sector mantém a aposta no crescimento e na criação de emprego.

As notícias recentes de contratação nacional por parte da indústria das TIC não deixam margem para dúvidas deste investimento. A Nokia Siemens anunciou a criação de 1500 postos de trabalho, em território nacional, com a construção do seu centro de gestão remota de redes de banda larga. A SAP está também a recrutar para o seu novo centro de serviços, a Prime IT tem como objetivo integrar 170 novos profissionais até ao fim deste ano e os exemplos sucedem-se comprovando que à margem do difícil momento económico que o país atravessa, o sector das TIC goza de boa saúde.

Para Ana Luísa Teixeira, managing director da MRI Network, “não há sectores imunes à crise, mas há os que sofrem menos com o impacto desta”. As TIC parecem disso ser um exemplo. Uma ideia que Vasco Teixeira, manager da Hays Recruiting para a área das Tecnologias de Informação. Diz o responsável que “este sector tem conseguido contrariar a atual tendência do contexto económico. Ano após ano, verificamos que este tem sido um dos sectores com maior empregabilidade, graças a factores como a forte especialização dos profissionais e a dependência cada vez maior do mundo corporativo por sistemas eficazes de suporte ao negócio e decisão, que exigem permanente evolução e manutenção”.

Mas Vasco Teixeira, tal como Ana Luísa Teixeira, reconhecem a contenção no momento de decidir por novas contratações. Diz o especialista da Hays que “tem-se verificado alguma contenção no que diz respeito às novas contratações, com o adiamento de alguns projetos com índices de criticidade menor. No entanto, há áreas onde se tem verificado um crescimento nas contratações de profissionais na TI, nomeadamente nas áreas de implementação e manutenção de soluções de ERP, Business Intelligence, analistas de negócio, Investigação & Desenvolvimento e Pré-Venda. Áreas que num contexto económico menos favorável poderão trazer um retorno mais imediato, quer em termos de tomada de decisão, quer nas vendas”. Uma lista que Ana Luísa Teixeira reforça adiantando que “a maior procura vai para funções ligadas diretamente ao core do negócio, ou seja, quadros técnicos especializados”.

A justificar esta intenção de contratação estão também, segundo os especialistas, dois fatores que podem pesar. A aposta na internacionalização é um deles, merecendo destaque o esforço de expansão além-fronteiras de algumas empresas nacionais que têm assim ajudado a dinamizar os resultados do sector. Um estudo recente da ANETIE e da INOVA-RIA - “Análise do Comportamento das Empresas Portuguesas de Tecnologias de Informação e Eletrónica face à internacionalização - revela que 51,9% das organização nesta área possuem uma estratégia de internacionalização perfeitamente consolidada.

Outro dos fatores que poderá estar a contribuir para a criação de emprego na área tem a ver com o crescente abandono do modelo de outsourcing, optando as empresas de forma crescente pela contratação permanente, “com a vantagem de integrarem nos seus quadros competências e know-how que anteriormente se encontravam externalizados”, relembra Vasco Teixeira.

A crescente aposta no cloud computing como estratégia poderá dinamizar ainda mais este sector nos próximos anos. Sendo certo que, como refere o especialsita da Hays, “o mercado continuará a gerar oportunidades para profissionais que possam aportar valor, não meramente técnico, e que consigam trazer retorno rapidamente e justificar o investimento realizado pelas empresas na sua contratação”.

Salários dependem mais da performance

Ainda que a empregabilidade no sector das TIC consiga desafiar o cenário nacional, os salários praticados não dão sinal de crescimento. O nível salarial praticado neste sector depende de fatores diferenciados como a dimensão da empresa, o facto de se tratar ou não de uma multinacional e até do nicho de mercado em que está inserida, devido às dinâmicas da concorrência.

Segundo Vasco Teixeira, responsável da área de IT da Hays, “a tendência atual não aponta para o crescimento da massa salarial efetiva”. Contudo, o especialista reconhece que se tem verificado o que quantifica de “claro crescimento na componente salarial diretamente indexada à performance individual”. Vasco Teixeira refere-se ao recurso das empresas aos prémios de produtividade que visam recompensar o alcançar de objetivos quer qualitativos, quer quantitativos. Uma componente que diz ser mais comum em funções com drive menos técnico.

A título de exemplo e à conjuntura atual, o especialista revela que um programador mobile, com funções na área de technical solutions e três a cinco anos de experiência, poderá auferir em média um vencimento bruto anual de 28 mil euros. Um valor que aumenta para os 32 mil euros, se tratar de um consultor com o mesmo tempo de experiência e para 43 mil, se falarmos de funções de consultoria com 10 anos de experiência profissional. Um manager de unidade de negócio na área das soluções de consultoria, ganhará em início de carreira cerca de 66 mil euros brutos anuais e 75 mil, quando somar mais de cinco anos de experiência. Um business developer, com três a cinco anos de experiência, poderá contar com um vencimento bruto de 45 mil euros e uma vez ultrapassada a fasquia dos cinco anos, 55 mil euros.



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