Criar uma sólida rede de contactos é essencialmente ser capaz de construir uma relação a longo prazo com os demais, sejam eles os seus pares profissionais ou amigos. É nos primeiros – os profissionais – que nos focaremos. É inquestionável que o networking profissional abre portas, mas também pode aniquilar carreiras se a abordagem não for a correta. Renee Masur, especialista da plataforma americana de gestão de carreira Careerealism.com, reduz a questão ao essencial: “A essência do networking é a reciprocidade. Estabelecemos com os nossos pares um relacionamento recíproco que nos ajuda mutuamente a consolidar referências, contactos, conhecimento, recursos e até a aceder a eventos que de outra forma nunca teríamos ouvido falar. Isto pressupõe que estejamos disponíveis para conhecer outros profissionais e para apoiar a sua carreira e progressão profissional, na mesma exata medida com que esperamos que apoiem a nossa”.
Como é que isto se traduz na prática? Numa relação benefício mútuo, com algumas regras à mistura para que possa ser bem-sucedida. Para Renee Masur, a primeira “regra” é desde logo a forma como nos apresentamos em eventos de networking. Abordar desconhecidos ou profissionais reputados com os quais nunca tivemos nenhum contacto prévio em eventos desta natureza está longe de ser simples, mas, garante a especialista, “são estes profissionais que podem fazer a diferença na nossa carreira, no imediato ou anos mais tarde”.
E há erros a evitar para tirar o máximo partido dos eventos de networking. Evitar a tentação de “fazer grupinho” apenas com os profissionais que já conhecemos, é a primeira regra. “O objetivo destes eventos é estabelecer novos contactos e conhecer pessoas relevantes”, relembra a especialista, acrescentando que não há qualquer problema em admitir que não se conhece nenhum dos presentes. “A autenticidade é o melhor dos trunfos para abordar um evento de networking”, reforça.
Da mesma forma que você está num evento de networking para conhecer outros profissionais que o podem apoiar na sua progressão profissional, os restantes também o querem conhecer pelos seus contactos. “Não deixe de se focar nisso”, aconselha Masur. Mas lembre-se que o pior que pode suceder a um profissional é ficar conhecido nos meandros do networking como “o buraco negro”, aquele que aceita todas as apresentações, mas raramente retribui, apresentando alguém da sua lista de contactos. “O networking é sempre uma relação de reciprocidade”, diz a especialista, onde “recolher cartões profissionais não é a prioridade”. Confuso?
De acordo com Renee Masur, “a troca de cartões é a forma mais fácil de estabelecer contactos futuros, mas não a melhor”. Para a especialista, a troca de cartões só deverá acontecer depois de ambos os profissionais estabelecerem um contacto do qual resulte um interesse mútuo em conhecerem melhor o trabalho um do outro. “Nunca deve acontecer logo após uma apresentação casual, nem deve ser o objetivo de participar num evento desta natureza”, enfatiza.
O que não fazer num evento de networking
1.º Permanecer na zona de conforto
Não é para conversar com os seus amigos que vai a um evento de networking. É para conhecer pessoas novas que o podem apoiar na progressão de carreira. Procure sair da sua zona de conforto e estabelecer novos contactos.
2.º Deixar-se dominar pela insegurança
Não fazer nenhum contacto no primeiro minuto não é o fim do mundo, nem razão para inseguranças. Aproveite os impasses para observar “de fora” o evento e as interações dos restantes profissionais. Pode começar por procurar alguém que lhe pareça estar na mesma situação que você.
3.º Ser “o buraco negro” do evento
A razão pela qual os restantes profissionais o querem conhecer é a mesma pela qual os procura: esperam que faça a ponte com outros profissionais relevantes. Não corra o risco de se tornar “o buraco negro” da sala, alguém que aprecia que lhe apresentem novas pessoas, mas raramente apresenta alguém aos seus contactos. A essência do networking é a reciprocidade.
4.º Colecionar cartões profissionais
Não é para recolher cartões que vai a um evento de networking, mas sim para contactar outros profissionais, trocar ideias e suscitar neles o interesse em conhecer melhor o seu trabalho. Só depois é útil trocar formas de contacto. A troca de cartões de contacto é um mero detalhe. Na Era das redes sociais, quem o quiser encontrar saberá como fazê-lo.
5.º Acreditar que o networking termina no evento
A conversa com os participantes no evento é só uma etapa do processo. É no pós-evento que verdadeiramente se criam os laços. Fazer um follow up dos contactos depois do evento é fundamental. Pode fazê-lo de diversas formas: um telefonema ou um email ,reforçando quão interessante foi a conversa durante o evento.