Cerca de 76% das empresas portuguesa inquiridas no estudo Workforce+Pay 2016, do Hay Group (a consultora de gestão do Grupo Korn Ferry), prevê realizar novas contratações em 2016. As áreas da Produção, Vendas, Engenharia e Tecnologias, são apontadas pelo estudo como as que evidenciam maior potencial de criação de novos empregos. Para Miguel Albuquerque, head of Productized Services do Hay Group, “com o crescimento das exportações e um aumento da procura, as empresas procuram reforçar os seus quadros com colaboradores que assegurem as áreas produtivas”.
É significativa a percentagem de empresas inquiridas no estudo (38,6%) que estima reforçar as suas equipas com quatro a nove contratações, não sendo de minimizar a percentagem de 28,1% que admite contratar em 2016 mais de 25 novos elementos para a sua equipa. “É nos setores de Serviços, Distribuição e Retalho que estão concentradas as empresas que admitem contratar mais de 25 colaboradores no próximo ano”, explica Miguel Albuquerque, enfatizando que uma boa parte destes reforços destinam-se às áreas das vendas. A Randstad confirma esta tendência de recuperação nacional em matéria de criação de emprego, mas coloca o principal foco das contratações nas áreas e perfis de forte componente tecnológica. Portugal foi um dos países analisados no Randstad Workmonitor, que revela as previsões mundiais na área da empregabilidade para 2016.
O estudo conclui que “42% dos empregadores têm uma necessidade crescente de perfis CTEM - ciências, tecnologias, engenharia e matemática”. Encontrar o talento certo continua a ser, segundo a opinião de 57% dos inquiridos neste Workmonitor, uma grande dificuldade que deverá manter-se nos próximos anos, pelo afastamento dos jovens das áreas mais científicas. Um contexto que leva 71% dos inquiridos a afirmar que “os jovens, ainda em fase de estudantes, deveriam concentrar-se numa carreira nas áreas de CTEM”. O estudo, realizado em 34 países, conclui também que há uma necessidades real de desenvolvimento de competências digitais nas empresas portuguesas.
Amândio da Fonseca, administrador do Grupo EGOR, fala em sinais de maior otimismo entre as empresas do Norte do país, “mercê do dinamismo de pequenas e médias empresas com vocação exportadora” que deverão reforçar as suas equipas em 2016, sobretudo se se tratarem de empresas que foram forçadas a realizar reduções de quadros em contexto de crise. O especialista não tem dúvidas de que no próximo ano, os sistemas de informação e os negócios ligados à novas tecnologias deverão continuar a reforçar a procura por profissionais qualificados, não esquecendo contudo a concorrência que registam dos mercados internacionais que de forma crescente têm procurado (e deverão continuar a procurar) profissionais qualificados em Portugal. O líder da EGOR fala também de uma crescente dinâmica de contratações na área industrial, nomeadamente a metalomecânica, com reforço previsto das suas estruturas de produção e vendas.
Nesta análise, os líderes da EGOR, do Page Group e do GI Group estão em sintonia. Álvaro Fernandéz, diretor-geral do PageGroup em Portugal, reforça a visão de Amândio da Fonseca, acrescentando que, por exemplo, nas áreas comerciais “os perfis de e-Commerce e Marketing Digital deverão ser particularmente requeridos” sobretudo se forem “quadros médios qualificados, com background em empresas de média e grande dimensão e orientação para mercados internacionais”.?Para Álvaro Fernandéz, “Portugal está a conseguir consolidar a sua posição como uma economia em que é seguro e rentável investir e vários são os fatores que assim o determinam, sendo que o desenvolvimento de mercados internacionais e o crescimento das exportações abrem todo um leque de oportunidades em áreas de negócio como os shared service centers, o turismo, a exportação comercial, a indústria, área financeira e telecomunicações”.
Pedro Mota, administrador da GI Group Portugal, no caso das tecnologias, a área da programação destaca-se como uma das mais dinâmicas, nomeadamente Java, .NET, PHP), bem como a administração de sitemas e redes e o suporte técnico. Contudo, para o especialista, independentemente da área e do maior ou menor grau e especificidade das competências técnicas exigidas, há uma nova tendência de recrutamento cada vez mais centrada nas competências comportamentais que deverá continua a acentuar-se . “A componente comportamental ditará o sucesso e a diferenciação de um profissional. É muito importante saber-ser, pelo que o empenho, disponibilidade, proatividade, espírito de entreajuda, capacidade de planear e delegar, aliados a uma forte motivação para o projeto serão bons alicerces para que um profissional de destaque” e beneficie da recuperação do mercado que segundo os especialistas se vislumbra.