Nos últimos meses do ano, e depois de um prolongado período de estagnação potenciado pela conjuntura económica adversa, o mercado de trabalho nacional recuperou alguma dinâmica e criou emprego. Depois de ter atingido os 16%, a taxa nacional de desemprego voltou a atingir os 13,5%, um valor alto mas que ainda assim permitiu que profissionais e empresas recuperassem em parte o seu otimismo. Das Tecnologias de Informação, à Engenharia, sem esquecer o setor financeiro, as áreas comerciais e muitas outras funções, novas oportunidade de trabalho surgiram. No arranque para o novo ano, Expresso ouviu seis especialistas de recrutamento para saber onde vão estar as oportunidades de trabalho em 2015 e quais as competências que as empresas procuram.
?Otimismo foi a palavra de ordem entre os especialistas de recursos humanos portugueses. Com exceção de Fernando Neves de Almeida, managing partner da Boyden, que prefere traçar um balanço de 2014 mais cauteloso falando de “pequeno crescimento” da dinâmica do mercado, os demais especialistas ouvidos pelo Expresso destacam a evolução positiva da criação de emprego nacional, posicionando no topo dos maiores recrutadores sectores como as tecnologias de informação, as áreas menos tradicionais das engenharias, a indústria, o sector de bens de consumo, o marketing (sobretudo na vertente digital), as áreas financeiras, o sector da saúde e farmacêutico, os serviços partilhados e funções especificamente ligadas à exportação (gestores de exportação ou responsáveis de mercados internacionais).?
Um cenário que para José Miguel Leonardo, diretor geral da Randstad Portugal deverá seguir uma trajetória idêntica em 2015, até “no desequilíbrio entre as aptidões dos profissionais disponíveis no mercado nacional e as necessidades das empresas”. Para o especialista, “em 2015, negócios na área das TI irão manter o seu crescimento, a par da hotelaria e turismo que registou em 2014 números nunca antes alcançados”. José Miguel Leonardo foca ainda a possibilidade de crescimento de contratações em sectores como o têxtil, calçado e indústria automóvel que, potenciados pela internacionalização, poderão alavancar em 2015.?
A equipa de recrutamento e seleção da EGOR acrescenta a esta lista os profissionais de marketing online e e-commerce que “terão boas oportunidades no próximo ano uma vez que a internet continua a ser um canal em constante crescimento” e os profissionais ligados às áreas de Corporate TAX, Direito Laboral, Fiscal e Contencioso, “dadas as previsões das leis fiscais e do trabalho continuarem a sofrer constantes alterações”, tal como as funções financeiras e contabilísticas. Miguel Abreu, diretor de recrutamento e seleção da Ray Human Capital, confirma o cenário traçado: “além do sector tecnológico, onde acredito que continuarão a residir o maior número de oportunidades, penso que sectores como a indústria, grande consumo e saúde/farmacêutico continuarão a registar grande dinâmica”. O especialista realça além destas áreas a importância dos Centros de Serviços Partilhados para a criação de emprego em Portugal e a necessidade de dar continuidade à capacidade do país atrair estas estruturas.
Competências mais valorizadas pelos empregadores
Num cenário como o atual, Álvaro Fernandéz, diretor do PageGroup Portugal, destaca a importância da especialização de competências para potenciar as oportunidades de emprego. “Um profissional com skills numa área específica e e pouco dominada pela maioria torna-se fundamental para o negócio das empresas”, explica o especialista acrescentando que “nos últimos anos deixaram de existir funções totalmente estanques e cada posição tem cada vez mais responsabilidades transversais a várias áreas. Com a crise assistimos a uma agregação de funções”.?
A globalização é outras das competências valorizadas pelos recrutadores. Num mercado cada vez mais global e dependente de parceiros internacionais, os conhecimentos linguísticos são factor chave, tal como a disponibilidade para atuar noutros cenários geográficos. Para Carlos Sezões, partner da Stanton Chase, alé das competências técnicas de base, essenciais para uma dada função, “as competências linguísticas e de utilização de tecnologias de informação serão cada vez mais consideradas indispensáveis, a par com um conjunto de competências sociais/comportamentais como liderança, comunicação, orientação para resultados, resiliência, criatividade e inovação”. Para o especialsita trata-se de apostar em competências que marcarão a diferença entre profissionais que “cumprem os mínimos” e profissionais de elevada performance.