Os dados disponíveis sobre a evolução do mercado nacional de emprego permitem classificar 2014 como um ano positivo. Seja por força da criação de novas oportunidades de emprego, pelos programas de incentivo à contratação ou pela dinamização de um sistema de estágios profissionais focado em diminuir o flagelo do desemprego jovem nacional, o mercado de trabalho português mexeu no último ano. Carlos Sezões, partner da empresa de recrutamento Stanton Chase, e Álvaro Fernandéz, o líder da Michael Page, confirmam-no. Para ambos os especialistas, não há dúvidas de que o último ano foi positivo para procura emprego em Portugal, fruto da aposta de um número crescente de organizações que venceram os receios da crise e recrutaram.?
Álvaro Fernandéz fala de uma mudança positiva do comportamento do mercado e Carlos Sezões concretiza com números: “pelos disponíveis podemos assumir que 2014 foi um ano positivo, quer na redução da taxa de desemprego (que já está na ordem dos 13,5%, depois de ter alcançado os 16%), quer na criação liquída de empregos (cerca de 100 mil criados nos últimos 12 meses, segundo dados de outubro)”.?Para estes números terão contribuído, entre várias as organizações que criaram emprego em território nacional (ver caixa), empresas como a Teleperformance que em 14 anos de atividade nacional criou 4000 postos de trabalho (800 dos quais em 2013), e que prepara a abertura de um novo centro de contacto com capacidade para 1400 novos colaboradores. De resto, o sector dos contact centers, mas sobretudo o dos centros de serviços partilhados (nearshoring) atraiu a atenção de inúmeras multinacionais para o mercado nacional e para os profissionais portugueses no último ano.
A Siemens tem Portugal como um dos seus principais destinos para instalar centros de competências. O último, anunciou recentemente Manuel Schmitd, da subsidiária nacional da empresa, gerou capacidade para 300 postos de trabalho. Já este mês, a PCmedic inaugurou também no Fundão um novo centro operacional tecnológico para qual recrutou 140 profissionais, prevendo-se um crescimento da estrutura já no próximo ano.?Com uma dinâmica de contratação muito centrada nas tecnologias de informação, engenharia, consultoria e área financeira, no último ano, estiveram em destaque empresas como a Microsoft (que através do programa Ativar Portugal inciou uma missão de reconversão de profissionais para carreiras na área das tecnologias de informação), a Altran, a Gatewit, iTGrow, a PrimeIT, a Xerox ou a Bosch Portugal - com um volume considerável de postos de trabalho criados e uma próximidade grande a perfis júniores em fase de integração no mercado laboral - mas também consultoras como a PwC, a Deloitte, Capgemini, KPMG, Accenture e EY que asseguraram largas centenas de postos de trabalho em Portugal. Só a EY, tem como meta para 2020 criaram em solo nacional mil novos postos de trabalho. Os primeiros 160 serão já recrutados em 2015.
No cenário nacional, ganharam também destaque a expansão alcançada pelo sector do turismo que impulsionou novas contratações no sector. A MSC Cruzeiros, a Emirates, a easyJet e várias outras transportadoras aéreas vieram recrutar a Portugal que ganhou també, a norte, 140 novos empregos potenciados pela operação da Lufthansa Ground Services. A braços com o aumento do turismo, também o sector comercial ganhou impulso nas contratações. A abertura do centro comercial Alegro Setúbal potenciou mil novas contratações. Em Vagos, no Parque Empresarial de Soza, nasceram também 470 empregos, fruto da expansão da atividade (que deverá continuar em 2015) da Ria Blades, fabricante de pás eólicas.?Além das empresas aqui elencadas e das que constam na lista que elaboramos, decorrente dos anúncios que divulgámos ao longo deste ano, muitos outros recrutadores reforçaram contratações no mercado nacional durante 2014. Para os especialistas, Portugal foi capaz de atrair empresas internacionais que, em nome da qualidade dos profissionais lusos, mais do que recrutarem em Portugal estão a fixar-se em território nacional e a criar emprego.
Quem criou emprego
Num ano de incertezas económicas, os profissionais portugueses estiveram na mira de vários recrutadores estrangeiros, mas em quase todos os sectores de atividade o país conseguiu também gerar oportunidades internamente. Analisámos os anúncios divulgados ao longo dos últimos 12 meses no Expresso Emprego e cruzamos estas ofertas com a estratégia de crescimento das empresas no mercado nacional para alcançar a lista dos maiores recrutadores de 2014, excluindo empresas de recrutamento e seleção. Muitos estão já com recrutamentos ativos para o próximo ano.?
Accenture
Alegro
Altran
Bosch Portugal
Capgemini
Central de Cervejas
Decathlon
Deloitte
easyJet
ERA
EY
GalpEnergia
Gatewit
Grupo Andrade Gutierrez
Grupo Sonae
IKEA
iTGrow
Jerónimo Martins
KPMG
Lufthansa Ground Services Portugal
LÓreal
Microsoft
MSC Cruzeiros
Nestlé
National Oilwell Varco
NOS
PCMEDIC
Philip Morris
PrimeIT
Portugal Telecom
PwC
Quidgest
Remax
REN
Ria Blades
SAP
Siemens
Teixeira Duarte
Teleperformance
Visabeira Global
Xerox