Notícias

«Portugal é inovador»

05.03.2004


  PARTILHAR





Ruben Eiras

A CULTURA de trabalho de Portugal é uma vantagem comparativa na UE, devido ao seu alto grau de flexibilização. "Em comparação com outros países da UE, o mercado laboral português é pioneiro e inovador, pois já possui à volta de 35% da sua mão-de-obra flexibilizada. Isto é uma enorme vantagem para criar mais eficiência na economia", frisou Hugues de Jouvenel, director-geral do Futuribles, um "think-tank" francês na área da gestão, aquando da sua participação no seminário "Portugal e a Nova Europa", organizado na semana passada pelo Conselho Económico e Social na Sala do Senado da Assembleia da República.


De acordo com os dados apresentados por aquele especialista, cerca de um em cada 10 portugueses trabalha a tempo parcial e um em cada 15 labora em regime de contrato a prazo.

Se a estes indicadores for adicionada a percentagem de 20% que exercem actividade por conta própria, então cerca de 35% da população activa portuguesa encontra-se flexibilizada.

Todavia, Hugues de Jouvenel salienta que embora Portugal seja "um exemplo de flexibilização", há que assegurar melhores salários e a disponibilidade de bons empregos à minoria que labora em regime flexibilizado.

Em contrapartida, o especialista gaulês defende que deverão ser retirados alguns dos privilégios de segurança laboral àqueles que trabalham num regime contratual sem termo.

"A insegurança tem que ser partilhada - não é justo que uma grande maioria goze emprego para toda a vida, cheio de regalias sociais, e uma minoria ande sempre a saltar de um trabalho para outro", reitera.

Comportamento é crucial

Por outro lado, para que Portugal consiga criar actividades económicas com maior valor acrescentado, Hugues de Jouvenel observa que a aposta deverá incidir na aprendizagem ao longo da vida, com um especial enfoque nas competências comportamentais.

"Com uma força de trabalho marcada por baixas qualificações, o aumento não pode ser só focado nas competências específicas para um determinado trabalho para outro - mas estas têm que ser mudadas em determinados momentos da nossa vida. E para fazer isso, é preciso ter educação básica (ser capaz de ler, escrever, usar um PC e de aprender) e comportamental", salienta aquele especialista.

Por isso, Hugues de Jouvenel sublinha que deverão ser desenvolvidas na população activa portuguesa as competências de capacidade de iniciativa, responsabilidade, mobilidade e de trabalho em equipa. "Sem dúvida, a prioridade é o comportamento", remata Hugues de Jouvenel.

Política em prática

MARIA João Rodrigues, uma das principais responsáveis na Comissão Europeia pela implementação da Estratégia de Lisboa, também participou no evento e deu as seguintes linhas de acção para a sua aplicação em Portugal:

- Criar centros de formação próximos das empresas, em especial das PME

- Autonomizar na negociação colectiva a questão da validação de competências

- Estabelecer critérios na negociação colectivo para que o progresso na carreira se baseie na formação e não na antiguidade.





DEIXE O SEU COMENTÁRIO





ÚLTIMOS EMPREGOS