Maribela Freitas
DESDE tenra idade que Manuel Oliveira se interessa por
questões relacionadas com a ciência e a ficção
científica. Licenciado em engenharia informática, actualmente
aos 30 anos de idade e a completar o doutoramento em Inglaterra na área
da realidade virtual, está a contribuir para que aquilo que há
alguns anos era apenas ficção, seja realidade no futuro.
E é por isso que aconselha a quem quer prosseguir os seus sonhos
de carreira a investigar nesta área a "não desistir,
bater às portas e se surgir, aproveitar a oportunidade de estudar
fora de Portugal. É que não basta ter ideias, há
que ter também o ambiente próprio onde estas possam crescer".
As ideias parecem ser o ponto fulcral na vida de Manuel Oliveira, pois
é em torno delas que a sua curta carreira se tem desenvolvido.
Tem lutado para desenvolver os projectos em que acredita e se empenha
e nunca vira as costas a novos desafios.
O primeiro começou durante a licenciatura em engenharia informática
de computadores, no Instituto Superior Técnico, quando optou por
estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Durante a licenciatura, trabalhou
na empresa Alfamicro, na área de consultoria de projectos europeus,
no âmbito das tecnologias de informação.
"O Instituto Superior Técnico é uma boa escola,
mas não nos dá uma preparação para aquilo
que vamos encontrar no mundo real de trabalho. Do meu trabalho na Alfamicro,
o que levei de melhor para a minha vida foi a capacidade de produzir documentação,
de analisar problemas e produzir soluções. E isso não
se aprende na universidade", explica Manuel Oliveira.
Conta ainda que do tempo em que trabalhou nesta empresa, teve a sorte
de trabalhar em projectos e áreas de negócio muito diferentes,
mas que, confessa "estavam sempre mais à frente do que
aquilo que se aprendia nas aulas".
Daí que advogue que no domínio da informática, os
cursos deveriam ser revistos e actualizados de três em três
anos, com o risco de ficarem desactualizados. Foi nesta empresa, que pertence
ao seu pai, que desenvolveu o projecto PC-Net, no âmbito da vídeo
conferência e que considera como o seu bebé.
Era uma altura em que a vídeo conferência estava a nascer
e a ideia era utilizar esta tecnologia como uma ferramenta de trabalho
nas empresas. Este projecto foi considerado o primeiro a nível
europeu na área de ambientes virtuais de trabalho e o relatório
final foi publicado pela Comissão Europeia como um caso de sucesso.
Com toda esta actividade laboral, Manuel Oliveira não terminou
a licenciatura nos cinco anos previstos, mas não se arrepende.
"Foi o facto de estar a trabalhar e a estudar que me levou a criar
a minha própria empresa. Comecei a ter uma participação
grande nos projectos relacionados com a área da comunicação
na Alfamicro e daí ter nascido a Omegamedia", salienta
Manuel Oliveira.
Acrescenta ainda que nesta aventura no mundo dos negócios utilizou
a Alfamicro como parceira e a empresa chegou a ter cinco pessoas a trabalhar
em projectos na área da comunicação e consultoria
no âmbito das novas tecnologias. A empresa ainda existe mas Manuel
Oliveira delegou no pai, Álvaro Oliveira, a responsabilidade, pois
desde 1998 que se está a dedicar a tempo inteiro ao doutoramento.
Como sempre gostou de ler fantasia e ficção científica
e por todo o trabalho que já tinha desenvolvido, Manuel Oliveira
começou a interessar-se por ambientes virtuais. Como projecto de
final de curso implantou um sistema de realidade virtual e teve 20 valores
no trabalho, o primeiro dado nesta escola em igual situação.
Estavam "abertas" as portas para continuar a investigação
e enveredar pelo doutoramento.
Em 1998 foi aceite na University College London, para fazer o doutoramento
e neste momento, já acabou a investigação e encontra-se
a escrever a sua tese. Durante os anos em que tem estado a investigar
a realidade virtual, fez ainda alguns trabalhos de consultoria e de investigação.
Apesar de ter alguns convites para permanecer em Inglaterra, Manuel Oliveira
quer regressar a Portugal. "O meu objectivo é voltar, mas
ainda vou ficar mais um tempo fora, a cimentar a minha rede de contactos
e a aproveitar mais um pouco de todo este ambiente de investigação",
salienta o investigador.