Fernanda Pedro
CRISTINA Q. sempre teve duas paixões, a música
e o turismo. Em pequena desejou ser guia turística e estudou para
isso. Tirou o bacharelato em Turismo e a licenciatura em Gestão
de Empresas Turísticas no Instituto das Novas Profissões
(INP). Trabalhou em várias empresas e chegou a assessora financeira
da seguradora Império. Mas nem mesmo uma promissora carreira como
gestora a demoveu da sua primeira paixão: a música.
Aliou a sua experiência à formação em gestão
e decidiu seguir o seu coração. Desistiu do turismo, dos
números e partiu em busca de um lugar na música. Criou
a sua própria banda, tornou-se uma cantora internacional e gere
a sua carreira. Cristina Q. quer ser a primeira cantora pop portuguesa
reconhecida além-fronteiras.
Parte desse sonho já se concretizou, pois o seu nome e talento
é reconhecido na Finlândia através da banda finlandesa
Merry C. que descobriu Cristina numa noite de Junho de 1999 nas docas
de Lisboa.
Depois do convite para ser a vocalista principal, Cristina Q. mudou-se
de malas e bagagens para a Finlândia, onde gravou e cantou para
os países nórdicos.
Um dos pontos altos da sua carreira aconteceu a 15 de Julho de 2000,
quando abriu o espectáculo de Tom Jones na Finlândia. "Foi
incrível quando subi ao palco e tinha diante de mim 17 mil pessoas",
lembra a cantora.
Apesar de em Portugal o seu nome ser praticamente desconhecido do grande
público, Cristina não desiste de procurar um "lugar
ao sol" no mundo da música portuguesa. Aposta agora num
CD de originais a solo e tem agendado concertos em Espanha, Holanda
e Bélgica. Além da sua carreira, a cantora está
igualmente disposta a lutar pela música portuguesa e pelos direitos
dos artistas lusos.
Depois de ter apresentado uma tese sobre a globalização
da actividade económica musical no mundo, no primeiro congresso
de músicos em Outubro de 2003, Cristina Q. foi convidada para
a direcção da Gestão dos Direitos dos Artistas
no departamento Colégio de Intérpretes e para a comissão
do Congresso Nacional de Músicos.
Actualmente, a cantora defende os direitos dos artistas em Portugal.
"A experiência na Finlândia determinou a minha posição
na música no nosso país e a lutar por direitos que não
nos são reconhecidos", explica a artista.
Aos 31 anos de idade, Cristina Q. natural de Lisboa, lembra o caminho
que percorreu até chegar ao dia em que tomou a decisão
de seguir uma carreira na música. Uma actividade que nem sempre
trouxe alegrias. Mas para esta cantora, que faz aquilo que mais gosta
e que nunca teve vontade de desistir do seu sonho, a música mereceu
todos os sacrifícios.
Nem mesmo quando estudava deixou de cantar. Aos 15 anos formou uma banda
de garagem, os T.P.C. Quando entrou na faculdade iniciou a tuna do INP,
tornando-se a maestrina dos seus colegas.
Mulher dos sete ofícios Cristina Q. nunca recusou nenhum desafio.
Depois da tuna, entrou para uma banda de blues, a "Bleusíadas"
e mais tarde fez parte da banda rap - Banda Ritmo às Palavras,
onde conseguiu o seu primeiro disco de prata.
Mesmo a estudar, a trabalhar e a dar formação sobre produtos
financeiros, Cristina Q. conseguiu ainda dar 260 espectáculos
durante dois anos por todo o país. Foi nesse período que
adoeceu e começou a pensar o que era mesmo importante na sua
vida. "Nesta altura tomei uma decisão. Tinha de apostar
na minha carreira artística e investi na música",
lembra.
Gestora da sua carreira
Terminou a licenciatura mas deixou a Império e dos mil euros
mensais que recebia na empresa seguradora passou a ganhar cerca de 200
euros dos espectáculos que dava em bares.
Mas isto foi só nos primeiros sete meses, porque fundou a banda
"Splash", percorreu quase todos os bares de Portugal e depressa
consolidou a sua carreira na música.
Entretanto, recebe o convite para a Finlândia e durante três
anos viajou entre aquele país nórdico e Portugal. Pelo
meio fez tourné pela Rússia, Noruega e Suécia com
os Merry C. e neste momento encontra-se em Portugal depois de um interregno
da banda finlandesa por dois anos.
Com um estúdio montado em sua casa, a artista está neste
momento a trabalhar no seu CD e continua a cantar com os Splash.
Cantora, letrista, compositora, professora de canto, Cristina Q. aposta
forte na sua carreira, sem intermediários, pois tudo é
gerido por ela e "tenho a certeza de que sou feliz com aquilo
que faço". A caminho da realização profissional,
Cristina sabe que para triunfar é necessário 10% de talento,
90% de suor e sorte q.b.