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“É fundamental aceitar as regras e a mentalidade”

“É fundamental aceitar as regras e a mentalidade”

Sónia Horn trocou por Portugal pela Alemanha por amor e acabou ganhar também na carreira.
24.11.2011 | Por Cátia Mateus


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Já lá vão mais de duas décadas desde que Sónia Horn trocou Portugal pela Alemanha. Na altura, a decisão foi mais que óbvia e até natural: acompanhou aquele que é hoje seu marido e não fez uma escolha errada, nem pessoal nem profissionalmente. Em território nacional deixou para trás um emprego por turnos, numa loja de roupa. Em Frankfurt entrou direto para os quadros do Deutsch Bank, onde é hoje assistente direta do diretor-geral de risk control da instituição.

Apesar de não ter grande experiência profissional quando decidiu tentar a sua sorte na Alemanha, Sónia cedo percebeu que para triunfar naquele rigoroso e exigente mercado teria de rapidamente assimilar as práticas profissionais do seu povo, mais ainda sendo estrangeira.

A língua nunca foi um problema já que a sua formação é no ensino de alemão/ inglês, mas reconhece que este é o grande trunfo para qualquer português que queira trabalhar na Alemanha. “Aprender bem e rapidamente o idioma é fundamental, caso contrário, por melhor que o profissional seja tecnicamente, nunca passará de mais um emigrante”, enfatiza Sónia Horn.

Igualmente importante é interiorizar a carga cultural do povo alemão. E em matéria de carreira há diferenças que Sónia garante que são significativas. “A mentalidade alemã é substancialmente diferente da portuguesa em vários domínios, nomeadamente no que diz respeito ao cumprimento de horários. Os alemães são altamente pontuais, enquanto os portugueses pecam pela fraca pontualidade e isso é um erro que é fundamental não cometer”, argumenta Sónia Horn, acrescentando ainda que a frontalidade é também uma característica dos alemães, por oposição à cultura portuguesa que procura resolver as coisas com mais formalismo.

Mas apesar destas diferenças o que para a portuguesa é mesmo importante para conseguir progredir profissionalmente neste mercado competitivo é, “no processo de integração, ter uma grande vontade de ser bem sucedido e aceitar as regras de trabalho e a diferença de mentalidades, sem criar estereótipos, mesmo quando isso implica só ter escassos 30 minutos de hora de almoço, como é prática corrente no país”, explica.

E as oportunidades de construir e consolidar uma carreira na Alemanha são várias e em sectores distintos. Da Banca às Tecnologias de Informação, Construção e àreas mais técnicas, há criação de emprego e Sónia Horn garante que os portugueses estão muito bem vistos entre os empregadores alemães.

Sónia conseguiu conciliar, graças ao seu conhecimento em línguas, a oportunidade de ter uma família sem desinvestir na sua carreira. Entrou no Deutsch Bank e foi consolidando o seu percurso em áreas da empresa. Atrai-a no país a sua abertura a novas mentalidades e novos mercados. Trabalha em média dez a 12 horas diárias e acredita que as hipóteses de progressão na carreira para um português a trabalhar na Alemanha são idênticas às de um natural do país “dependem de empresa para empresa, dos cursos extra que o profissional queira realizar para se ir aperfeiçoando e do empenho que este coloca na carreira”, explica. Mas acima de tudo isto, o fundamental é chegar ao país com espírito aberto e sem aquela desconfiança tão característica do povo português.

Sónia Horn
39 anos
Alemanha
Assistente do Diretor-geral de Risk Control do Deutsche Bank

Formação:
Tem formação em Línguas, nas vertentes alemão e inglês e realizou. já na Alemanha, um curso básico para empregados bancários.

Primeiro emprego:
Vendedora numa loja de roupa, em Portugal, ainda enquanto estudante. “Trabalhava por turnos, o que me permitia estudar durante o dia”, relembra Sónia.

Percurso:
Tinha 18 anos quando trocou Portugal pela Alemanha e entrou diretamente para o Deutsche Bank. Começou por trabalhar num pequeno departamento onde monitorizava letras de crédito e realizava o processo de entrada dos vários tipos de transações que vinham das filiais do banco no estrangeiro. Antes de se tornar assistente direta do diretor-geral do banco para a área de controlo de risco teve ainda a oportunidade de realizar um curso básico para empregados bancários.

Principais dificuldades:
As saudades da família, dos amigos e da proximidade ao mar foram os grandes entraves à plena adaptação de Sónia Horn ao seu novo país. Mas ultrapassadas as dificuldades iniciais, sente-se em casa.

Ambição:
Progredir na carreira que tem com o mesmo empenho e reconhecimento profissional que tem tido até aqui.

Desafios para quem chega:
A mentalidade alemã difere muito da portuguesa e isso poderá exigir alguma atenção em termos profissionais. O cumprimento de horários é um exemplo. Os alemães são altamente pontuais, enquanto os portugueses tendem a atrasar-se, o que poderá não ser positivo. A frontalidade é também uma característica alemã, ao contrário do formalismo português.



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