Carreiras

Sim! Por treze razões!



01.01.2000



  PARTILHAR




Responsabilidade Social Sim! Por treze razões!
(14-07-2006)

Carla Marisa Magalhães *
ebcarla@fgv.br


Se é verdade que a prática da Responsabilidade Social, para ser autêntica e permanente, deve fazer parte da cultura das organizações e ter uma base ética, não é menos verdade que quando estão em causa empresas, sobretudo de carácter privado, que têm que prestar contas aos seus accionistas, é necessário, muitas vezes, divulgar motivos que legitimem essa prática. Embora o ideal fosse que as empresas se envolvessem em questões sociais por razões éticas, para aquelas que necessitam de um incentivo “financeiro”, aqui vai uma boa notícia: estudos demonstram que 50% do desempenho acima da média de empresas socialmente responsáveis é devido às suas práticas de RS! Assim, chamar a atenção das empresas para os benefícios da RS, é um meio que justifica um fim, pois certamente que é preferível aquela ser praticada de forma instrumental do que não ser praticada de todo.
Deste modo, precisamente porque a obtenção do lucro é a vocação principal das empresas, estas devem disseminar práticas socialmente responsáveis por toda a sua cadeia produtiva, na medida em que a RS:

1) Potencia o reconhecimento das empresas perante a sociedade, melhorando a imagem e a notoriedade dessas organizações, o que se repercute nos negócios;

2) Atrai investidores, os quais dão preferência a empresas estáveis, sob o ponto de vista jurídico, social e ambiental;

3) Ajuda a legitimar a actividade das empresas perante a sociedade, o que é mais significativo quanto maior for o impacto que essa actividade provoca em termos sociais, económicos e ambientais, melhorando, assim, o relacionamento entre essas empresas e os seus stakeholders;

4) Aumenta a projecção mediática das empresas. Empresas mais conhecidas e por boas razões, têm grande probabilidade de aumentar a sua quota de mercado.

5) Conduz à fidelização dos clientes e à conquista de novos, pois vários estudos revelam que muitos consumidores já começam a dar sinais de que valorizam critérios ambientais e sociais no acto de aquisição de determinados produtos, muitas vezes, em detrimento de critérios económicos. Ainda a este respeito refira-se uma nova tendência de consumidores, designada por LoHaS (Lifestyle of Health and Sustainability), emergente nos Estados Unidos e que já representa mais de um quarto da população norte-americana. Este público possui fortes valores sociais e ambientais, os quais influenciam largamente as suas opções de consumo.

6) Possibilita aumentos na produtividade das empresas, quando actua ao nível da educação.

7) Proporciona incentivos fiscais às empresas.

8) Beneficia directamente os accionistas, pois ao conferir a uma empresa uma imagem forte, contribui para o aumento das vendas, valorizando as acções da empresa na bolsa. E mesmo para as empresas que não estão cotadas na bolsa, o retorno para os accionistas também se faz sentir, pelo referido aumento das vendas.

9) Conduz a aumentos na produtividade, na medida em que os funcionários se sentem mais motivados para fazer o seu trabalho, devido ao retorno psicológico proporcionado pelo envolvimento em projectos sociais.

10) Ajuda as empresas a captar e a manter talentos e a assegurar a lealdade dos funcionários, dado o aumento da satisfação destes, o que leva à redução da taxa de rotatividade e de absentismo.

11) Torna as empresas mais flexíveis, devido ao desenvolvimento da tendência para acompanhar as necessidades da sociedade.

12) Faz com que as empresas poupem em recursos ao adoptarem formas de consumo mais conscientes.

13) Contribui para o bem-estar global e para o desenvolvimento sustentável da sociedade, o que é benéfico para todos, nomeadamente para as empresas, na medida em que uma sociedade mais educada e com um maior poder de compra, contribui para a longevidade empresarial. De resto, trata-se do melhor retorno que se pode obter – o retorno social!

E agora, ainda é preciso dar mais razões?

*Carla Marisa Magalhães é pesquisadora na área da Responsabilidade Social e doutoranda em Ciências Empresariais, na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, em parceria com a Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro.





DEIXE O SEU COMENTÁRIO





ÚLTIMOS EMPREGOS