U-Marketing: "King Solomon" e a Liderança Transnacional
(08-02-2007)
Rui Ventura
Complex Marketing Director Sheraton Lisboa Hotel & Spa e Sheraton Porto Hotel & Spa
Conta a lenda que o Rei Salomão foi um líder esclarecido, que conseguiu manter a Paz durante 40 anos numa região de constantes conflitos entre povos. Salomão soube governar com sabedoria e justiça e por isso conquistou o respeito e a admiração de todos os seus súbditos e povos vizinhos.
Nos dias de hoje não abundam “Solomons”. Seja na política, na gestão ou no marketing é difícil encontrar personalidades integras na sua totalidade e com um estilo de liderança baseado na minha buzzword preferida “Enpowerment”. Chamem-me sortudo mas já tive a oportunidade, literal, de trabalhar com um Solomon.
Um líder nato, que apesar de não conhecer na totalidade a cultura portuguesa, tem a capacidade de adaptar o seu estilo de liderança à nossa realidade. E a verdade é que tudo funciona. As equipas estão motivadas, o trabalho caminha para a excelência e os resultados financeiros não podiam ser melhores. “Every cent counts” dizia-me com um sorriso sábio.
Em 2 anos de gestão, o “Rei Salomão”, conseguiu fazer o que outros gestores com, um aparente, amplo conhecimento do mercado português não foram capazes. A juntar a isto, os tempos que hoje vivemos no mercado da publicidade, do marketing e dos media não são propriamente de vacas gordas, mas de cortes ou restrições orçamentais, de constante contenção, de justificação de todos os cêntimos investidos.
Este exemplo leva-me a pensar sobre a “visão periférica”. Ou seja, por vezes, é mais fácil identificar os problemas quando o observamos de fora, quando somos exteriores à empresa, ao país e à sociedade. Porque temos mais necessidade de saber, mais vontade de indagar, e questionamos todos os processos, os bons e os maus. Porém este exemplo não é mandatório, mais do que sermos o “outsider” temos de ser completos e bons profissionais, e essa equação, infelizmente, não é fácil de encontrar.
Em Portugal nos últimos anos temos assistido a um Braindrain de talento, de valores que querem procurar o seu caminho noutros mercados, seja por falta de oportunidades em Portugal, seja pelo gosto de conhecer novas culturas e novas realidades empresariais. E o que é certo, é que os gestores portugueses estão bem cotados na bolsa de trabalho internacional, porque são dedicados, porque são inovadores e porque chegam de A a Z sem parar em todas as letrinhas.
Bottom Line , está nas nossas mãos conseguirmos ser “Solomons” na nossa esfera profissional e pessoal. Basta acreditar nas nossas capacidades, sermos rigorosos connosco e com as equipas com quem trabalhamos e estar disposto a aprender e a questionar tudo de forma inteligente. E mais importante, ser um bom líder estando em Portugal, no Reino-Unido ou na longínqua China. Nesta equação o P de Place não é importante.
Ou como disse um dia Fernando Pessoa, “Pedras no caminho?... Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
* Rui Ventura edita a sua página "U-Marketing" no sítio
http://ruiventura.multiply.com/