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Marketing One-to-One



01.01.2000



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A invasão do Marketing One-to-One

Viver sem marketing? Impossível! O marketing faz parte da nossa vida e é quase legítimo dizer que todos os passos que damos são, de algum modo, influenciados por técnicas de marketing. As pessoas começaram a ganhar consciência de que é mais fácil passar mensagens estruturadas e específicas para quem se quer dirigir.



Na definição de Eduardo Madeira Correia, professor de marketing na Escola Superior de Comunicação Social (ESCS), "o marketing é tudo e não é nada - é tudo se for feito com objectivo e não é nada se for feito sem objectivo. Não se consegue sobreviver sem esta necessidade de comunicar. A comunicação só funciona se os princípios de marketing forem seguidos".
E a grande aposta parece recair no Marketing One-to-One (O2O), bastante presente na nossa vida, nos mais diferentes aspectos como na política, Internet ou num simples namoro...

«O melhor exemplo de marketing O2O são os namorados porque dizem aquilo que o outro quer ouvir e quando não dizem há pequenas discussões. As pessoas vivem uma para a outra e cada uma "vende" aquilo que tem para vender e a melhor maneira de vender é sabendo, porque já estudou, aquilo que o outro compra».
(Eduardo Madeira Correia)

Marketing One-to-One (O2O) sempre houve, mas a Internet surgiu agora com a Nova Economia para o despertar em grande massa. Falamos de um marketing personalizado que procura dirigir-se a cada um dos consumidores, aproximando-se assim das suas necessidades particulares. No fundo, é uma técnica de marketing cujo segmento é uma pessoa, um consumidor, um cliente.
O objectivo é conhecer o perfil do consumidor para lhe oferecer os bens e serviços mais adequados. Na opinião de Eduardo Madeira Correia, "o marketing O2O é o supra-sumo do que as pessoas do marketing gostam de ter. O marketing é, fundamentalmente, conhecer bem o consumidor para satisfazer as suas necessidades. A melhor maneira de o conhecer é poder falar com um de cada vez - isso é o que um cabeleireiro faz, muitas vezes, quando pergunta como quer o cabelo, se mais comprido ou curto. Isto é marketing O2O".
A satisfação das necessidades do consumidor, através de um serviço personalizado que oferece os produtos adequados ao seu perfil, ajudam a estabelecer uma relação de confiança e lealdade com a empresa. O cliente sente-se contente por saber que aquela empresa conhece os seus gostos, interesses e oferece-lhe precisamente aquilo que precisa.

Passar a mensagem certa para a pessoa certa é o sonho de todas as pessoas que trabalham no marketing. Um dos instrumentos que permite melhorar a eficácia do marketing O2O é o programa de CRM (Customer Relationship Management). O próprio software faz automaticamente o reconhecimento e a gestão do perfil dos consumidores.
Através de uma série de dados ou histórico, o CRM constrói, de imediato, uma base de informação dirigida ao cliente X que o vendedor lhe transmite. Deste modo, as necessidades do cliente X ficam satisfeitas e ele não tem de andar à procura e a pesquisar.


O2O na Internet

Com o aparecimento da Internet, o marketing viu também, na Web, uma oportunidade para se aproximar dos consumidores, perceber as suas necessidades e satisfazê-las. Pensar num produto para cada um dos consumidores tornou-se mais fácil e, deste modo, o marketing O2O ganhou uma nova dimensão.
A Internet é o meio mais eficaz de se fazer marketing O2O pela facilidade, através das novas tecnologias, em conseguir uma identificação, interacção e personalização com o cliente.
São vários os sites que oferecem este "contacto directo", que "falam" com os utilizadores pela opção de registo. Uma vez registado, sempre que visite o site, o utilizador é identificado pelo nome e recebe toda a informação adaptada às suas características. Esta personalização é uma das formas mais bem sucedidas de concretizar o objectivo do marketing - customização (adaptar os produtos e serviços às necessidades do consumidor).
Isto não implica que a Internet veio alterar a maneira de se fazer marketing. Simplesmente, este novo meio deu origem a uma nova forma de comunicação.
Madeira Correia defende a ideia de que "não se alterou nada no marketing. Continua a ser o produto, o preço, a distribuição, a comunicação, etc. O que se alterou profundamente foi a maneira como eu posso fazer comunicar as coisas. Hoje às quatro da manhã posso estar a ver uma coisa que antes não podia. Mas em termos de estratégias ou estruturas não modificou nada. Desenvolveram-se algumas coisas, mas a essência é rigorosamente a mesma".

Duas das ferramentas tecnológicas desenvolvidas como estratégia de marketing O2O foram os e-mails e as newsletters:

O e-mail é, talvez, das técnicas mais fortes para aplicar o O2O uma vez que é particular ao utilizador. O seu baixo custo permite utilizar o email para dar informações sobre os serviços da empresa que interessam ao utilizador em questão ou fazer mesmo marketing directo.

A newsletter é outro modelo de marketing O2O que, para além de permitir um contacto regular com os clientes, divulga a informação adequada aos interesses do destinatário. Num site onde o utilizador esteja registado, este recebe uma newsletter "individual", ou seja, com sugestões que são dirigidas apenas para o seu perfil, de acordo com o histórico fornecido durante o registo.
A grande vantagem é o estabelecimento de uma relação duradoura com base na satisfação e confiança, entre o cliente e a empresa. O utilizador confia na informação personalizada que recebe na newsletter e sabe que ela lhe fornece sempre algo que é do seu interesse, mesmo que esteja à procura ou não.


O2O na Política

No marketing político, temos primeiro de perceber que a grande diferença que existe é a de que se está a pensar num candidato e não num produto, mas as técnicas são as mesmas.
"Quando nós vendemos um detergente dizemos que ele tira melhor as nódoas, faz mais branco e que dá menos trabalho na lavagem. No caso do político dizemos que ele tira melhor as nódoas porque é incorruptível, faz mais branco porque sabe o que quer e dá menos trabalho às pessoas porque podem confiar nele. No fundo, as mensagens e as técnicas são rigorosamente as mesmas com destinatários diferentes", explica Eduardo Madeira Correia.

Deste modo, também é possível identificar técnicas de marketing O2O na política. O marketing O2O dos políticos é feito quando eles fazem as visitas e falam com as pessoas uma a uma e tentam resolver os problemas um a um. Os políticos cada vez mais dirigem-se aos consumidores com mensagens estruturadas, procurando despertar no consumidor um reconhecimento.
A ideia é ficar a pensar que o político Z conhece o meu problema, enquanto consumidor. A sua campanha é uma resposta a esse problema. Neste caso, possivelmente, o político tem o meu voto porque ele foi capaz de identificar o meu problema e encontrar solução - dirigiu-se a mim.
Esta forma de pensar nas campanhas é marketing O2O. Outro exemplo dado por Madeira Correia refere-se aos comícios ingleses. Nestes, "as pessoas fazem perguntas e a resposta dos políticos é para aquela pergunta e para aquela pessoa - isto é marketing O2O. Responder e dar satisfação à necessidade manifestada por uma pessoa. Os ingleses são especialistas no marketing político O2O porque, como têm os deputados por círculos uninominais, eles vão visitar as pessoas a casa e fazem isso desde tempos imemoriais. Ainda não se falava em marketing O2O, mas já se praticava. Iam a casa das pessoas e perguntavam quais eram os problemas e comprometiam-se a resolvê-los. Tal como fazem os padres nas províncias. A tradição é, na Páscoa, o padre ir visitar os seus paroquianos. Os paroquianos visitam o padre durante o ano todo e, na Páscoa, o padre vai a casa de cada um e deve mostrar que conhece a vida dos paroquianos para conseguir "vender" a sua fé e a religião. Este é um exemplo de marketing O2O".

Ficou a pensar?
Óptimo!
Agora deve estar mais desperto para descobrir nas suas acções mais vulgares, durante o dia-a-dia, mil e um exemplos de marketing one-to-one.


TP






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