José Joaquim Oliveira
De músico rock a automobilista, vários
foram os sonhos de criança de José Joaquim Oliveira, director-geral
da IBM-Portugal. No entanto, a música da sua vida acabou por ser
outra e o sonho de estar à frente de um volante de um automóvel
passou para uma carreira em frente ao teclado de um computador. O curso
de engenharia também ficou para trás quando o apelo da programação
falou mais alto. Na IBM começou e na IBM continua, com uma carreira
cheia de sucessos e feita com muita dedicação e humildade.
Lembra-se do que é que queria ser quando
era criança? Que planos tinha para o futuro?
Eu cresci numa época um bocado romântica, nos anos 60. Era
uma época muito susceptível de criar sonhos nas pessoas.
Tive umas quantas coisas que gostava de ser. Lembro-me perfeitamente que
eu achava que podia ser músico e ter um conjunto de música
rock. Gostava de ter seguido uma carreira nos automóveis. Mas eram
coisas não muito assumidas. Eram sonhos motivados pela vida da
altura. Mas nunca tive um sonho muito determinado de ser isto ou ser aquilo.
Achava que ia ser alguma coisa na vida. Tinha uma vontade muito grande
de crescer, de evoluir na vida, de ser alguém.
Depois que estudos seguiu?
Fiz os estudos normais. Depois segui engenharia. Estudei engenharia no
Instituto Superior de Engenharia, mas não acabei o curso. Enquanto
estava a estudar comecei a trabalhar simultaneamente na IBM. Comecei a
interesar-me pela informática e a tirar cursos de programação.
Na altura tinha que idade?
Tinha 20 anos. Era uma indústria nova que estava a aparecer e era
muito apelativa, mesmo para quem tinha ideia de fazer outras coisas. Entusiasmei-me
de tal maneira que comecei a trabalhar para a IBM. Fazia programas para
a IBM em part-time e continuava a estudar. Até que comecei a trabalhar
definitivamente para a IBM e por cá fiquei. Interrompi o meu percurso
por dois anos, enquanto cumpri o serviço militar, mas voltei novamente
em 1975.
E como é que se fez o seu percurso dentro
da IBM?
A minha evolução na IBM é longa. Comecei como técnico
programador e depois, mais tarde, fui analista de sistemas, especialista
de programas e de aplicações informáticas. Era uma
matéria onde eu reconheço que tinha algumas capacidades.
Ganhei algum relevo nesse desmpenho, alguma notoriedade interna, acho
que fazia bem esse trabalho. Era o mais jovem da equipa que existia na
altura. E passado algum tempo consegui também algum destaque dentro
da equipa, porque tinha realmente jeito para fazer programas, para aquela
lógica da programação e das aplicações
informáticas e tinha uma capacidade muito grande, por exemplo,
para descobrir "bugs" nas aplicações. Quando as
coisas corriam mal vinham ter comigo para eu tentar descobrir o que é
que estava a correr mal. Fiz uma carreira técnica de qualidade.
A determinda altura surgiu a oportunidade de mudar de actividade. Através
de um anúcio interno acabei por ser escolhido para um lugar de
vendas. Nunca tinha feito nada do género e fiquei um bocadinho
aflito. Mas acabei por gostar da actividade e fiquei até hoje.
Fiz uma carreira normal de vendas. Passei por várias fases na carreira
de vendas na IBM e também me destaquei de alguma maneira, ganhei
vários tipos de prémios. Passado alguns anos, talvez meia
dúzia de anos de vendas, passei para director de vendas. Depois
de uma carreira longa como vendedor e director de vendas fui chefiar a
divisão de software aqui em Portugal, hà cerca de seis anos.
Passado algum tempo fui convidado para chefiar a divisão espanhola.
Estive, durante algum tempo, pouco, a chefiar software para Espanha e
Portugal. Pouco tempo porque depois fui convidado para administrador delegado
de Portugal. E isto foi há quatro anos.
Qual considera ter sido o seu maior desafio profissional?
Tive vários. Primeiro quando me deram o lugar de vendas. Fui confrontado
com uma proposta para um lugar para o qual eu achava que não tinha
o minímo jeito. Mas tive sempre uma caracteristica, que eu reconheço
em mim, e que foi importante para chegar onde cheguei, que é nunca
recusar desafios. Muitas vezes com grande desconforto mas nunca disse
que não a nada. E quando fui convidado para assumir aquela função
em Espanha foi outro desafio. Quando fui convidado para "country-manager"
foi um desafio que já encarei com outra naturalidade.
Ser "country-manager" de Portugal consiste
em fazer o quê?
Consiste em quatro coisas fundamentais. Em primeiro liderar uma equipa.
A IBM está cada vez mais internacional, é uma empresa global
mas por mais global que sejamos, a componente local é sempre importante,
porque são estes particulares que fazem o global. Mas liderar consiste
em liderar muita coisa. Liderar em termos de obtenção de
resultados de negócios, motivar as pessoas, fazer as equipas funcionar,
etc. A segunda responsabilidade é que sou o representante da IBM
Corporation em Portugal. Para todos os efeitos sou a cara da IBM em Portugal.
A terceira função é um pouco "public relations",
falar com os media, zelar pela boa imagem da IBM no mercado. E finalmente
zelar também pela satisfação dos empregados e dos
clientes.
O que é que lhe dá mais prazer no
seu trabalho?
Eu gosto do que faço. Gosto muito de lidar com pessoas, do contacto
com clientes. Gosto que é um prazer. O contacto com os clientes,
o fechar um negócio, concretizar a parte final da venda. Mas também
me dá muito prazer o contacto com os meus colegas.
O que é que considera fundamental num bom
líder?
Várias coisas. Um líder tem de ser um exemplo para as outras
pessoas. Um líder é alguém que as influencia, que
as ajuda, que lhes indica o caminho. Tem que ser capaz de motivar as pessoas,
tem que ser determinado nas suas decisões, não pode ser
inseguro ou ter falta de determinação porque isso pode pôr
em risco todo um negócio. Tem que ter um grande sentido de responsabilidade
e tem que ser, de alguma maneira, um sedutor também. Um sedutor
no sentido de conseguir conquistar as pessoas, seduzir as equipas e fazê-las
funcionar.
Sente que chegou ao topo da sua carreira ou sente que ainda há
muito para fazer?
Na IBM em Portugal, sim. Mas pode acontecer que termine a minha carreira
por aqui ou que assuma outras responsabilidades no exterior.
SW