Carreiras

José Joaquim Oliveira



01.01.2000



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José Joaquim Oliveira

De músico rock a automobilista, vários foram os sonhos de criança de José Joaquim Oliveira, director-geral da IBM-Portugal. No entanto, a música da sua vida acabou por ser outra e o sonho de estar à frente de um volante de um automóvel passou para uma carreira em frente ao teclado de um computador. O curso de engenharia também ficou para trás quando o apelo da programação falou mais alto. Na IBM começou e na IBM continua, com uma carreira cheia de sucessos e feita com muita dedicação e humildade.

Lembra-se do que é que queria ser quando era criança? Que planos tinha para o futuro?
Eu cresci numa época um bocado romântica, nos anos 60. Era uma época muito susceptível de criar sonhos nas pessoas. Tive umas quantas coisas que gostava de ser. Lembro-me perfeitamente que eu achava que podia ser músico e ter um conjunto de música rock. Gostava de ter seguido uma carreira nos automóveis. Mas eram coisas não muito assumidas. Eram sonhos motivados pela vida da altura. Mas nunca tive um sonho muito determinado de ser isto ou ser aquilo. Achava que ia ser alguma coisa na vida. Tinha uma vontade muito grande de crescer, de evoluir na vida, de ser alguém.


Depois que estudos seguiu?
Fiz os estudos normais. Depois segui engenharia. Estudei engenharia no Instituto Superior de Engenharia, mas não acabei o curso. Enquanto estava a estudar comecei a trabalhar simultaneamente na IBM. Comecei a interesar-me pela informática e a tirar cursos de programação.

Na altura tinha que idade?
Tinha 20 anos. Era uma indústria nova que estava a aparecer e era muito apelativa, mesmo para quem tinha ideia de fazer outras coisas. Entusiasmei-me de tal maneira que comecei a trabalhar para a IBM. Fazia programas para a IBM em part-time e continuava a estudar. Até que comecei a trabalhar definitivamente para a IBM e por cá fiquei. Interrompi o meu percurso por dois anos, enquanto cumpri o serviço militar, mas voltei novamente em 1975.

E como é que se fez o seu percurso dentro da IBM?
A minha evolução na IBM é longa. Comecei como técnico programador e depois, mais tarde, fui analista de sistemas, especialista de programas e de aplicações informáticas. Era uma matéria onde eu reconheço que tinha algumas capacidades. Ganhei algum relevo nesse desmpenho, alguma notoriedade interna, acho que fazia bem esse trabalho. Era o mais jovem da equipa que existia na altura. E passado algum tempo consegui também algum destaque dentro da equipa, porque tinha realmente jeito para fazer programas, para aquela lógica da programação e das aplicações informáticas e tinha uma capacidade muito grande, por exemplo, para descobrir "bugs" nas aplicações. Quando as coisas corriam mal vinham ter comigo para eu tentar descobrir o que é que estava a correr mal. Fiz uma carreira técnica de qualidade. A determinda altura surgiu a oportunidade de mudar de actividade. Através de um anúcio interno acabei por ser escolhido para um lugar de vendas. Nunca tinha feito nada do género e fiquei um bocadinho aflito. Mas acabei por gostar da actividade e fiquei até hoje. Fiz uma carreira normal de vendas. Passei por várias fases na carreira de vendas na IBM e também me destaquei de alguma maneira, ganhei vários tipos de prémios. Passado alguns anos, talvez meia dúzia de anos de vendas, passei para director de vendas. Depois de uma carreira longa como vendedor e director de vendas fui chefiar a divisão de software aqui em Portugal, hà cerca de seis anos. Passado algum tempo fui convidado para chefiar a divisão espanhola. Estive, durante algum tempo, pouco, a chefiar software para Espanha e Portugal. Pouco tempo porque depois fui convidado para administrador delegado de Portugal. E isto foi há quatro anos.

Qual considera ter sido o seu maior desafio profissional?
Tive vários. Primeiro quando me deram o lugar de vendas. Fui confrontado com uma proposta para um lugar para o qual eu achava que não tinha o minímo jeito. Mas tive sempre uma caracteristica, que eu reconheço em mim, e que foi importante para chegar onde cheguei, que é nunca recusar desafios. Muitas vezes com grande desconforto mas nunca disse que não a nada. E quando fui convidado para assumir aquela função em Espanha foi outro desafio. Quando fui convidado para "country-manager" foi um desafio que já encarei com outra naturalidade.

Ser "country-manager" de Portugal consiste em fazer o quê?
Consiste em quatro coisas fundamentais. Em primeiro liderar uma equipa. A IBM está cada vez mais internacional, é uma empresa global mas por mais global que sejamos, a componente local é sempre importante, porque são estes particulares que fazem o global. Mas liderar consiste em liderar muita coisa. Liderar em termos de obtenção de resultados de negócios, motivar as pessoas, fazer as equipas funcionar, etc. A segunda responsabilidade é que sou o representante da IBM Corporation em Portugal. Para todos os efeitos sou a cara da IBM em Portugal. A terceira função é um pouco "public relations", falar com os media, zelar pela boa imagem da IBM no mercado. E finalmente zelar também pela satisfação dos empregados e dos clientes.

O que é que lhe dá mais prazer no seu trabalho?
Eu gosto do que faço. Gosto muito de lidar com pessoas, do contacto com clientes. Gosto que é um prazer. O contacto com os clientes, o fechar um negócio, concretizar a parte final da venda. Mas também me dá muito prazer o contacto com os meus colegas.

O que é que considera fundamental num bom líder?
Várias coisas. Um líder tem de ser um exemplo para as outras pessoas. Um líder é alguém que as influencia, que as ajuda, que lhes indica o caminho. Tem que ser capaz de motivar as pessoas, tem que ser determinado nas suas decisões, não pode ser inseguro ou ter falta de determinação porque isso pode pôr em risco todo um negócio. Tem que ter um grande sentido de responsabilidade e tem que ser, de alguma maneira, um sedutor também. Um sedutor no sentido de conseguir conquistar as pessoas, seduzir as equipas e fazê-las funcionar.


Sente que chegou ao topo da sua carreira ou sente que ainda há muito para fazer?
Na IBM em Portugal, sim. Mas pode acontecer que termine a minha carreira por aqui ou que assuma outras responsabilidades no exterior.







SW






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