Pagar mais... por menos. Um cabaz mais caro, mas menos recheado. A inflação é tema que já assumiu o estatuto de tendência global, do qual cada país só se poderá distanciar pela resposta que lhe der.
No caso de Portugal, a abordagem parece requentada e um pouco — ou tanto — familiar. Na reedição deste tema, assistimos a uma inflação acumulada de 6,7%, contrastada com um aumento da massa salarial em 4%, o que se traduz numa diferença negativa de 2,7%. A conclusão é igualmente simples: perdemos poder de compra, ao mesmo tempo que ganhamos menos do que ganhávamos.
Se a isto juntarmos a habitual carga fiscal elevadíssima (seja IRS, IVA ou taxas direta e indiretas), o resultado mantém a tendência simplista: uma pressão crescente num país que foi, é e vai continuar a ser muito dependente do consumo e igualmente da sua receita fiscal — o tradicional balão de oxigénio para cada Orçamento do Estado.
E por que razão não conseguem os salários acompanhar esta escalada? Porque as empresas continuam a não estar capacitadas para absorver estes impactos, o que significa que será o trabalhador a lidar com esse custo. Como? Comprando mais ou gastando menos. Gastando menos, começamos a ter menos dinheiro a circular no mercado. Com menos dinheiro no mercado, começamos a ter índices económicos a deixar de crescer ou até a fazê-lo de uma forma negativa, chegando, no limite, ao tema da recessão económica.
Sobram poucas soluções aos nossos trabalhadores: trabalhar mais ou fazer cortes significativos na sua gestão mensal. O que resta de 2022 adivinha-se, portanto, bastante difícil para todos.
No meio de tanta incógnita, apenas uma certeza: para evitar a repetição de uma história que não queremos reviver é preciso que a resposta de quem a consegue dar seja, por isso, diferente do habitual.