Carreiras

ExpressoEmprego - Barómetro RH 2008 - Fernando Neves de Almeida



01.01.2000



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Fernando Neves de Almeida
Country President da Boyden

Se tivesse que eleger uma medida única para dinamizar o mercado de trabalho, escolheria, sem dúvida, a flexibilização dos despedimentos, porque considero que a situação actual produz um conjunto de efeitos nocivos para o aumento da produtividade e dos salários. Em primeiro lugar, assistimos a uma mentalidade e comportamentos orientados para a segurança. Uma vez que a segurança no emprego é um dado adquirido, a procura de segurança por via de bons desempenhos não é necessária.

É notória a diferença de empenhamento e atitude de pessoas com vínculos mais precários. Como pode uma sociedade melhorar o seu grau de empreendedorismo e produtividade se os seus sistemas estão desenhados para incentivar a segurança? Por outro lado, existe uma enorme dificuldade em fazer ajustamentos de optimização em empresas com menores recursos financeiros. Vários gestores de grandes empresas têm defendido publicamente que a lei laboral não é um problema porque eles sempre que querem conseguem despedir.

É verdade e eu conheço vários exemplos. Porquê? Porque têm dinheiro disponível para negociar. Quantas não são as empresas que necessitavam de fazer esse tipo de ajustamentos (não abrangidos pelos mecanismos legais) e não têm fundos para o fazer? E essas, seguramente, são as que mais necessitam de aumentar a produtividade, procurando ter a pessoa certa no lugar certo. Por fim, esta situação incentiva a criação de ‘esquemas' manhosos para conseguir despedir. Como é difícil e caro despedir, muitos gestores e empresários gastam recursos a procurar criar condições para ‘incentivar' as pessoas a aceitarem sair.

Desde processos disciplinares com o objectivo de coagir e outras tácticas de guerrilha psicológica, tudo vale para conseguir mandar embora. Que referências para futuro levam as pessoas despedidas desta forma? Quantos objectivos organizacionais não poderiam ser atingidos com a energia canalizada para o sítio certo, em vez de a canalizar para a guerrilha psicológica? A conjugação de todos estes factores resulta numa desvantagem competitiva para captação de investimentos face a países com legislação mais favorável. Talvez valha a pena discutir a sério a flexissegurança.






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