Amândio da Fonseca
Administrador do Grupo EGOR
Portugal atravessa a mais grave crise de emprego dos últimos vinte anos. Com o desemprego a aproximar-se do meio milhão de activos as perspectivas para 2008 estão longe de ser optimistas tendo em conta que continuamos a ter falta de gestores e técnicos qualificados para desenvolverem projectos com capacidade para criar os postos de trabalho que permitam reduzir significativamente o desemprego.
Para agravar a situação o impacto das crises financeira, energética, política que se perfilam no plano internacional põem em risco o motor das exportações que dificilmente poderão crescer se a situação se agravar nos Estados Unidos e na Europa.
Os problemas do mercado de trabalho em Portugal resultam principalmente do facto da renovação profunda do tecido empresarial, provocada pela desaparição de empresas industriais com a matriz EFTA, não poder ser compensada por novos postos de trabalho que articulem as exigências da economia moderna com as característica de uma mão-de-obra pouco qualificada e com reduzida capacidade de reconversão. O desemprego constitui a factura inevitável desta mutação empresarial na medida em que só uma pequena parte dos desempregados reúne as competências necessárias para se integrar na economia do conhecimento.
A vasta maioria está condenada a permanecer à margem do actual mercado do emprego ou, na melhor das hipóteses, em condições de subemprego por desajustamento ou falta de competências Perante estas situações quais as medidas a tomar? A prioridade principal terá de ser uma redobrada aposta em todos os vectores do desenvolvimento económico tendo em conta que só com crescimentos do PIB superior a 2% será possível vencer o desemprego.
Para que as empresas viáveis possam multiplicar-se é prioritário e urgente investir o máximo de recursos possíveis na educação e qualificação do nosso capital humano. Só assim poderemos contar a médio prazo com reduções significativas das taxas de desemprego.