Carreiras

Expresso Emprego - Barómetro RH - Pedro Passas da Cunha



01.01.2000



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Pedro Passas da Cunha
Ray Human Capital


Actualmente o cenário de escolha de uma profissão ou de uma carreira profissional, modifica-se todos os dias e muito rapidamente. As opções profissionais são cada vez maiores, com o aparecimento de novas carreiras (além da Medicina, Direito, Economia e Engenharia), que há uns anos eram consideradas e rotuladas como alternativas. Isso é resultado de exigências dos tempos modernos produzidas pela globalização, com informação em tempo real, da segmentação do público e da personalização dos serviços oferecidos.


Actividades tradicionais como o artesanato ou a agricultura, poderão voltar a fazer sentido no contexto actual. Sente-se uma alteração cultural na nossa sociedade que valoriza as origens e o que é tradicional. Este aumento de procura não encontra a desejada correspondência ao nível da oferta devido à inexistência de quem desenvolva este tipo de funções. Seguindo a lei económica da oferta e da procura, é natural que existam preços inflacionados e falta de capacidade de resposta. Como tal, existem oportunidades de emprego nestas áreas até um ponto de equilíbrio, o que se constitui em oportunidades de carreira para quem esteja desempregado ou em fase de decisão de profissão e que não olhe para estas áreas com preconceito.

Aqui, poderão surgir oportunidades de duas formas: quer em empresas já existentes quer através do carácter empreendedor de quem decide lançar o seu próprio negócio.

Paralelamente, a agricultura volta a ter interesse numa fase de aumento dos preços das «commodities» devido ao «boom» das energias renováveis e ao aumento dos consumos nos países até há pouco tempo pobres, orientando não só grandes grupos para uma aposta num sector tradicional, mas também profissionais com um percurso desenvolvido noutras áreas e mantendo nas zonas rurais, jovens até ao momento sem perspectivas. Outra tendência que se tem acentuado nos últimos anos é a de altos quadros abandonarem as suas carreiras e optarem por desenvolver projectos próprios em sectores tradicionais e fora dos grandes centros, situação com a qual por vezes nos deparamos.

A segmentação e o posicionamento em nichos, bem como o aproveitamento das tendências actuais nos mercados, geram empregabilidade e oportunidades de desenvolvimento de negócio. Poderá surgir desta forma uma via de alternativas profissionais através da reorientação para sectores tradicionais da economia. Hoje parece que se estabeleceu um consenso de que a globalização, em escala mundial, não tende a produzir novos empregos permanentes, mas sim a criação de múltiplos postos de trabalho. É certo também que esse fenómeno estimula o surgimento de novas profissões, mas causa também uma sensação de insegurança e falta de confiança no futuro dos nossos jovens.

Neste contexto de insegurança e falta de confiança no futuro, assistimos a uma maior aposta dos jovens em profissões incluídas no sector primário ou mesmo secundário, em detrimento do sector terciário, ocorrendo mesmo um fenómeno contrário ao êxodo rural, onde os habitantes abandonavam as profissões do campo, em busca de melhores condições de vida, geralmente em centros urbanos.

Com a criação de centros universitários e institutos politécnicos no interior do pais, os jovens já não sentem necessidade de abandonar as áreas rurais para desenvolver as suas competências e futuro profissional, pois o mercado de trabalho para profissionais licenciados e à procura de carreiras de grande especialização, encontra-se muito saturado e de cada vez mais difícil acesso.

Encarando esta nova realidade, encontramo-nos perante o reaparecimento ou redescoberta das novas actividades profissionais tradicionais, como o artesanato, o turismo, a agricultura, os padeiros, os vinicultores, os calceteiros e os cozinheiros (actualmente chefes de cozinha), cada vez mais requisitadas e mais bem remunerados.






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