Mário Costa
Presidente do Grupo Select/Vedior
O mercado de emprego tem vindo a registar uma evolução ligeiramente positiva, notando-se alguma atenuação da curva do desemprego em 2006, a avaliar pelos indicadores do INE e da OCDE. Mas, como sabemos o mercado de emprego é uma realidade sujeita à lei da oferta e da procura, dependendo de factores diversos, como as qualificações dos recursos humanos (habilitações literárias, conhecimentos técnicos, competências pessoais, etc.), as características demográficas, a situação económica e também o nível educacional do país.
Neste sentido, o balanço que fazemos não pode deixar de ter em conta a pouca atenção que, em Portugal, se continua a dar às empresas de recursos humanos e ao mercado privado de emprego. Um exemplo flagrante é o contínuo adiamento da publicação da nova lei do trabalho temporário, depois de sucessivos projectos de vários governos.
A ausência da nova lei é tanto mais grave quanto é certo que o Código do Trabalho entrou em vigor já em Dezembro de 2003 e, volvidos mais de três anos, não foi acompanhado por uma nova forma de encarar o trabalho temporário, de modo a conferir maior flexibilidade ao mercado de emprego. Esta flexibilidade, aliada a uma fiscalização pelos poderes públicos, correctamente concebida, e orientada sobretudo para o sector ilegal e clandestino, pode vir a dinamizar significativamente o emprego.
Na verdade, as perspectivas para 2007 poderão ser positivas se a reestruturação da Administração Pública for acompanhada pela dinamização económica e pela criação de condições às empresas de recursos humanos no sentido da recolocação dos excedentes do sector público. Note-se que o Grupo Select Vedior — que aqui se invoca a título de exemplo — conseguiu criar mais de 50.000 empregos em 2006, dos quais se estima que cerca de um terço se tenham transformado em empregos permanentes.
Se em 2007 conseguirmos aliar e conjugar algum crescimento económico com uma nova lei do trabalho temporário, uma muito maior aposta na formação profissional e na educação, um reforço da fiscalização pelas autoridades públicas e uma atitude positiva por parte dos sindicatos, então estarão criadas as condições para inverter de forma sustentada o ciclo de desemprego, promovendo o emprego ajustado às necessidades das empresas e promotor do desenvolvimento económico.