Ana Loya
Administradora e directora-geral da Ray Human Capital
Há menos de dez anos foi conduzido um estudo por uns investigadores ligados à Universidade Católica relativo à produtividade/rentabilidade nos diversos países da Europa. Recordo-me de que — de acordo com os critérios na altura escolhidos pelos investigadores — em primeiro lugar se encontrava o Luxemburgo e, algures nos três últimos lugares, se encontrava Portugal. Este último dado não me surpreendeu muito. Mas, quando dei por mim a pensar que uma das principais forças produtivas do Luxemburgo era a mão-de-obra portuguesa, não pude deixar de levantar algumas hipóteses. Empíricas é claro! Mas mesmo assim hipóteses.
Não me parece que todos os portugueses com capacidade de produzir tenham emigrado e só cá tenhamos ficado os inaptos e desorientados. Então, porquê? Por que razão, num país mais a norte a nossa capacidade de trabalho se revela mais eficaz? Não pude deixar de pensar que as razões se fundamentam nos problemas da liderança. Temos uma crise de «management» há vários anos. Talvez o arquétipo do princípio de Peter. Vinte anos a trabalhar para organizações mostrou-me que é extremamente comum promover bons profissionais a «managers». Não é por ser um excelente profissional que se é um bom chefe e, na maioria dos casos (muito mais comum do que gostaríamos) perde-se um bom técnico e ganha-se um mau gestor.
É provável que a dimensão das organizações no nosso país não permita as promoções horizontais e portanto, a única promoção possível seja a vertical. Estou convencida de que este é um dos principais factores que têm comprometido o incremento da nossa produtividade: uma liderança com menos bases de gestão de recursos, de pessoas e de meios.
Se formos capazes de criar as condições necessárias ao nosso desenvolvimento — a tão falada qualificação, alteração da legislação e agilização da burocracia — teremos «managers» qualificados (enquanto chefias), quadros qualificados e legislação adequada aos padrões internacionais e não haverá nenhum motivo para não podermos ser competitivos numa economia cada vez mais aberta e em mudança.