Amândio da Fonseca
Administrador do Grupo EGOR
Nos últimos anos o reconhecimento mediático do sucesso de organizações ou gestores cujos méritos suscitam a admiração e o reconhecimento público é, e bem, cada vez mais frequente. Esta valorização do empreendedorismo, normalmente empresarial, faz -nos, no entanto, incorrer no risco de ignorar outra classe de empreendedores - estatisticamente desconhecida em Portugal - que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apurou em 2004 constituir uma percentagem significativa da força activa de trabalho em países como a Irlanda, Bélgica ou Holanda ( 33,5%) para citar apenas países com dimensão humana semelhante à nossa.
Estes novos trabalhadores da Era do Conhecimento incluem não apenas empresários mas também informáticos, jornalistas, arquitectos, economistas, músicos, estilistas, designers, médicos, desportistas, técnicos de saúde ou do lazer, pintores, escritores, locutores, artistas de cinema e de teatro. São técnicos que desenvolvem software, artistas que produzem bens culturais, visionários que concebem novos produtos e serviços. Abrange não apenas pessoas que criam riqueza e emprego mas também as que fazem avançar as ciências e as artes, e promovem os conhecimentos técnicos e culturais que fazem progredir as nações e as comunidades humanas em geral.
Aproveitando o tema de Abril é oportuno recordar, a quem governa, que a generalização em Portugal de uma verdadeira cultura de empreendedorismo depende, não apenas, da sistemática política de investimento na formação de trabalhadores com elevados níveis de competência mas sobretudo na facilitação dos factores de natureza cultural que constituem a verdadeira base do desenvolvimento. O sucesso do empreendedorismo só terá expressão nacional se dispusermos de uma elite cada vez mais alargada de trabalhadores habilitados a trabalhar com autonomia, dotados de capacidade de decisão, inovadores e vocacionados para empreender, não apenas na esfera empresarial mas em todos os sectores de actividade.