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Entrevista ao Presidente da AIESEC Portugal | PricewaterhouseCoopers



01.01.2000



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Entrevista ao Presidente da AIESEC Portugal
Hugo Pereira

- Qual é o impacto que a AIESEC pretende ter nos jovens?

A AIESEC, numa forma muito clara, pretende criar agentes de mudança. Agora isto só pode ser conseguido se nos focarmos nas pessoas e no desenvolvimento das mesmas, e é isso que fazemos com os jovens estudantes e recém-licenciados. Procuramos desafiar a mentalidade dos mesmos, focando muito o aspecto global e o modo como pode ter impacto nas suas comunidades através das competências que adquirem dentro da organização.

Queremos acima de tudo desenvolver uma geração de líderes empreendedores, com atitude positiva, garra para enfrentar os desafios e uma forte componente social, onde têm sempre consciência que tudo o que fazem deve ser para melhorar o meio envolvente em que se encontram.

- O que faz um membro da AIESEC no dia-a-dia?

Eu diria que um membro da AIESEC acaba por estar envolvido num ambiente multinacional no seu dia-a-dia. Entre as várias oportunidades pode-se dizer, de uma forma geral, que todos os membros estão envolvidos em equipas funcionais (Recursos Humanos, Finanças, Relações Internacionais, Relações Empresariais, Comunicação, entre outras) ou em equipas de projectos, sempre com objectivos definidos e uma componente forte de formação e construção de equipas.

Há medida que vai avançado na AIESEC a ideia é que todos os membros tenham oportunidade de liderar uma equipa de forma a desenvolver as suas competências de liderança e empreendedorismo. Depois poderá ter algumas oportunidades mais especificas, tais como os estágios internacionais, congressos internacionais, oportunidade de projectos dentro da AIESEC noutro país, e aí ganha uma network de contactos muito interessante e única.

- Qual foi o seu percurso na AIESEC?

Vindo de Águeda, entrei no Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa, no ano de 2003. Nesse mesmo ano, entrei na AIESEC, assumindo algumas responsabilidades mínimas na área de Finanças e posteriormente na área de Marketing. Sendo algo irresponsável na altura, acabei por não efectuar o melhor trabalho dentro da organização, saindo da mesma em 2004. Voltei em 2005, e candidatei-me a Director de Relações Internacionais no núcleo local e passado um ano assumi a liderança do mesmo núcleo local.

Foram certamente dois anos da minha vida que mudaram a minha perspectiva e também me permitiram evoluir tanto a nível pessoal, como profissional. Finalizei o curso de Gestão no ISEG na mesma altura que me candidatei a Vice-Presidente de Relações Externas da AIESEC Portugal. Após mais um ano, ainda ganhei forças para candidatar-me a Presidente da AIESEC Portugal, e hoje estou a finalizar o meu mandato. Entretanto, e mais recentemente, fui eleito Vice-Presidente Operações e Estratégia da AIESEC Internacional, pelo que irei viver para Roterdão durante um ano, e trabalhar numa equipa de 19 pessoas, com mais de 15 nacionalidades.

- Há outros portugueses em cargos de liderança na AIESEC a nível internacional?

Algo impressionante na AIESEC é o modo como as pessoas se desafiam a elas mesmas. De momento, o António Henriques, que foi Presidente da AIESEC em Coimbra, está a liderar a AIESEC no Cazaquistão. Outra pessoa com um percurso interessantíssimo em Portugal, tendo inclusive feito parte da equipa nacional da AIESEC Portugal e liderado a AIESEC no ISCTE, está hoje a liderar a AIESEC na Croácia, e chama-se Catarina Cunha. No Próximo ano teremos ainda a Claúdia Almeida como Vice-presidente da AIESEC na Jordânia.

- Como são os estágios internacionais para empresas e estudantes?

A AIESEC tem sido reconhecida, desde a sua existência, pelos estágios internacionais, que milhares de jovens e empresas já aderiram. Hoje a organização faz intercâmbios profissionais na área da gestão e economia, tecnologias de informação e desenvolvimento comunitário. Isto permite que qualquer estudante, independentemente do seu background, tenha uma oportunidade de fazer um estágio internacional que irá desafiar a sua perspectiva do mundo. E este ponto é o que mais procuramos reforçar nos jovens. O estágio internacional deve ser encarado como uma experiência única que deverá trazer novas perspectivas a cada pessoa, bem como desenvolver as suas competências sociais e profissionais.

Uma das grandes iniciativas deste ano é a oportunidade de jovens estudantes fazerem um estágio de desenvolvimento comunitário no verão, em países como a Índia ou o Brasil. Até ao momento a aderência tem sido enorme, e esperamos promover este projecto como um bom caso prático de inovação social.

No lado empresarial português, já houve muitas empresas que receberam estágios internacionais, e alguns dos principais pontos para o fazerem identifica-se muito com a mudança cultural e dinâmica que pretendem trazer à empresa ou pela expansão internacional que a própria está a realizar e ter uma pessoa do país de destino será uma oportunidade óptima para entender o mercado e cultura existente lá. Outro campo de acção poderá ser em projectos pontuais, onde ter alguém de fora e com uma visão diferente poderá trazer inovação e criatividade ao projecto.

A inovação social é um dos temas que queremos desenvolver mais e para isso temos projectos únicos, como é o exemplo do projecto de inovação social com a Delta Cafés, nosso parceiro, onde temos o objectivo de trazer cerca de 10 estagiários internacionais a virem estagiar numa ONG portuguesa trabalhando num projecto comunitário. Este projecto está a ser desenvolvido num formato de concurso, pelo que o melhor projecto receberá um prémio final, atribuído por um júri.

- Para além dos estágios desenvolvem outra iniciativas?

Apesar da AIESEC ser bastante reconhecida pelas experiências de estágios internacionais que proporciona, também tem vindo a melhorar o seu posicionamento nas universidades e no mercado empresarial através de iniciativas relevantes.

No último ano tivemos uma iniciativa denominada de Impact, que envolveu cerca de 300 estudantes na discussão acerca da evolução de Bolonha, foram inspirados por CEOs de empresas nacionais e multinacionais e tiveram uma componente forte em workshops que visavam a formação em competências-chave. Este ano iniciámos o AIESEC Campus, uma iniciativa que visa uma campanha de recrutamento de membros para a AIESEC e também a discussão e debate de temas como a liderança, empreendedorismo, inovação social, responsabilidade corporativa social, entre outros assuntos, envolvendo sempre estudantes, empresas e universidades. A AIESEC Campus teve o importante apoio da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, e será em 2009 inserida no âmbito do ano europeu da criatividade e inovação.

Outra iniciativa que irá acontecer em 2009 será o Euro Congress, de 2 a 8 de Outubro de 2009, que trará a Portugal cerca de 200 jovens estudantes de 40 países, que estejam a liderar a AIESEC nas suas universidades. Será um grande momento para a AIESEC e terá como um dos pontos alto a Global Village, onde a dinâmica e cultura da AIESEC será aberta a todo o público, tendo este oportunidade de conhecer melhor os países e as pessoas que os representam. Este evento será no dia 2 de Outubro de 2009, em Lisboa.

- Como a actual crise está afectar a actividade da AIESEC?

Hoje falamos imenso de crise e dos problemas e acontecimentos negativos que aparecem todos os dias. Considero mesmo, numa altura em que a organização festeja o seu 50º aniversário, é um excelente exemplo de crescimento e atitude positiva face à crise.

Nos últimos 10 anos, nunca a organização demonstrou tanta capacidade de crescimento como nestes últimos dois ou três anos. Para se ter uma pequena noção, este ano estamos a ter recordes na angariação de membros para a AIESEC, membros que se candidatam a estágio internacional (neste semestre, e estando na fase final de selecção, encontramo-nos com cerca de 200 candidatos), e mesmo empresas que pretendem receber um estagiário internacional.

Outro ponto único é o facto da organização trocar TODA a sua estrutura de liderança internacional, nacional e local todos os anos. Um exemplo disso será no próximo mês de Maio, onde mais de 70 pessoas que vão compor as próximas direcções locais e nacional, assumem a liderança, visão e estratégia da organização. Claramente a organização é um exemplo de sucesso numa altura de crise, e a evolução e papel da AIESEC nos próximos anos entusiasma-me imenso, até pela nova moda de redes sociais, que nos vai permitir ter mais visibilidade externa, aproximar os nossos Alumni, e ter um papel mais activo perante os jovens e meio envolvente que nos encontramos.

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