Álvaro Fernández
Managing Director Michael Page Internacional
O desemprego dos professores tem vindo a aumentar de forma exponencial nos últimos anos, sendo que não se vislumbram sinais de melhoria para os próximos anos. A baixa de natalidade, aliada ao crescente número de profissionais que optam pela via docente, traduz-se numa oferta sobredimensionada para a procura existente em Portugal.
Apesar de o desemprego entre os professores aumentar de ano para ano, todos os anos o número de candidaturas aos cursos pedagógicos aumenta, tanto nas Universidades como em Institutos especializados. Assim, deparamo-nos hoje com um número muito elevado de professores desempregados no pré-escolar, ensino básico e secundário; sendo o panorama mais animador, embora não muito, no ensino secundário e superior. Existem duas hipóteses para os professores no desemprego: ou são ‘reciclados' para outras áreas ou são utilizados de forma diferente dentro das escolas. A reciclagem tem custos óbvios e poderá não ser sequer aceite por parte de professores com mais anos de ensino, mas será uma opção interessante para professores mais novos, que poderão perspectivar outras alternativas para o seu futuro. Dado que têm tanto uma formação como um perfil bastante específico, dificilmente ficarão aptos para funções muito técnicas, mas poderão apresentar mais- -valias noutras funções. Trata-se, contudo, de uma medida imediatista e que não resolve a questão de fundo, mas não compete às Universidades ou aos Institutos de Ensino diminuir o número de vagas — estas são reguladas pela procura.
A outra hipótese, a de reutilização dos professores, poderá traduzir-se numa melhoria do serviço prestado pelas escolas e mesmo no alargamento deste serviços. De uma forma pouco exaustiva, podemos pensar em funções como o acompanhamento de alunos com dificuldades cognitivas, auxílio na realização de trabalhos de casa, aulas extra para alunos com mais dificuldades, coordenação de actividades desportivas ou lúdicas ou criação de outras actividades, como, por exemplo, clubes de Ciência ou de Matemática, áreas em que tradicionalmente o nosso ensino revela maiores lacunas .
Note-se que a escolha de cursos com saídas profissionais com parcas perspectivas profissionais não é exclusiva aos professores, mas engloba várias Ciências Sociais e Humanas, enquanto que cursos com maiores garantias de integração profissional, como Engenharia, não conseguem completar as vagas disponíveis. O caminho a tomar deverá passar por um maior esclarecimento dos alunos em fase de escolha do curso a seguir, independentemente do ciclo em que se encontram, de forma a que a escolha seja mais esclarecida, informada e consciente, algo muito comum na Europa e Estados Unidos, mas raríssimo em Portugal.