Opinião

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Quiet quitting: um não tema dos RH



25.11.2022



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Quiet quitting: um não tema dos RH

Se em tempos o estereótipo de colaborador exemplar se media com a régua das horas de trabalho e do extra mile, as transformações dos últimos anos trouxeram uma nova realidade às relações com a entidade empregadora. Foram vários os meses em que novas formas de trabalhar fizeram forçosamente parte do quotidiano, tantas vezes acompanhadas de exaustão e burnout e, agora, assistimos ao contraponto: o quiet quitting (demissão silenciosa). O fenómeno refere-se à capacidade de cingir funções ao estritamente estabelecido na descrição de trabalho contratual, nem mais nem menos. De certa forma, reflete a desmotivação, a necessidade de priorizar a vida pessoal e dedicar ao trabalho somente o tempo que lhe é conferido. As equipas de gestão de pessoas, para quem o conceito de “vestir a camisola” tantas vezes definia o talento, deparam- se por isso com um novo desafio. Mas quereremos mesmo contrariar a postura de quem se “demite silenciosamente”? Em conceito, claro que sim. Esta desmotivação dos colaboradores é uma nova forma de perder talento, diria ainda pior que a própria demissão. Mas devemos ser disruptivos na abordagem: não faz sentido contrariar e aceitá-lo como um problema, mas  compreender motivações e abraçar a mudança.

Aceitar que o mundo do trabalho mudou irreversivelmente é compreender que os padrões de comportamento dos colaboradores também não vão voltar a ser o que eram. O horário das nove às seis pode ainda funcionar para alguns, mas certamente não para todos; fazer do extra mile um modus operandi será aceitável para uns, mas muitos procurarão, cada vez mais, o reconhecimento efetivo pelo seu trabalho; impor trabalho local a quem durante meses viveu confinado no equilibrismo entre vida pessoal e profissional, não será sempre uma decisão consensual.

A transformação deve vir de cima, com chefias e recursos humanos com abordagens flexíveis, benefícios diferenciados e que atendem às individualidades dos seus colaboradores. Certamente, desta forma, o quiet quitting em pouco tempo se tornará um “não tema”.










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