Opinião

Produtividade procura-se

Todos os trabalhos são importantes - António Eloy Valério



05.08.2022



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A produtividade é, sem dúvida, um dos mais importantes drivers das organizações. Dela dependem a eficiência e competitividade das empresas, o aumento das receitas e o próprio bem-estar dos colaboradores. Não deixam, por isso, de ser preocupantes os dados do “Estado da Nação 2022”, publicado pela Fundação José Neves, que coloca Portugal com apenas 66% da produtividade média da União Europeia. Um valor ainda mais alarmante considerando que o nosso país é também um dos que tem um maior número de horas de trabalho.

Mas, afinal, o que explica níveis de produtividade tão baixos? Em primeiro lugar, diria que o inadequado investimento nos recursos humanos para os tornar capazes de pensarem permanentemente na melhoria contínua dos processos de trabalho, tema absolutamente fundamental para aumentar a eficiência e produtividade das nossas pessoas e organizações. Não só é insuficiente a aposta na formação, através de técnicas de upskilling e reskilling, mas também a falta de estratégias de benefícios indexados à produtividade (colaboradores felizes estão tendencialmente mais alinhados com os objetivos gerais da empresa). O mesmo estudo da Fundação José Neves aponta que, em 2019, apenas 16% das empresas portuguesas investiram na formação profissional dos seus colaboradores e, na prática, saberemos dizer quantos dos nossos ativos sabem efetivamente tirar proveito das ferramentas que permitem às nossas empresas ser mais eficientes?

Por outro lado, a produtividade pode ser melhorada, em boa parte, pela capacidade de atrair novas gerações com novas qualificações e competências, e nesse aspeto temos ainda um longo caminho a percorrer, já que o crescente número de jovens qualificados não se reflete em absorção por parte das empresas e, não com pouca frequência, assistimos à alocação destes ativos a sectores onde são menos necessários ou, ainda mais preocupante, em funções que ficam aquém das suas qualificações.

Não restam dúvidas de que a produtividade é sinónimo de empresas mais saudáveis e mais competitivas, mas também é certo que este é um problema estrutural: compete a cada empresa, individualmente, desenvolver estratégias para o alterar, mas são também necessárias políticas comuns que nos permitam, enquanto país, acelerar a nossa competitividade internacional. Afinal, temos as ferramentas necessárias, falta-nos apenas colocar mãos à obra.

Presidente-executivo da Multipessoal










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