Marisa Antunes
O «coaching» chegou a Portugal e está definitivamente na moda. Ajudar a fazer mais e melhor, até ao limite do desenvolvimento pessoal é o lema desta prática de consultoria que faz sucesso um pouco por todo o mundo nos meios empresariais. Requisitado pelos executivos e homens de negócios, este serviço permite potenciar as suas capacidades de gestão, através de uma espécie de terapia empresarial. “O «coach» ajuda o «coachee» a entrar num processo de autodescoberta.
E o que é interessante é que algum tempo depois, os próprios «coachees» afirmam que começaram a conhecer dentro de si potencialidades que nem sabiam que existiam”, sintetiza a socióloga Alexandra Barosa Pereira, que viu a sua tese de mestrado sobre o «coaching» em Portugal ser premiada pela consultora de recursos humanos Mercer.
Através do «coaching» são definidos planos de acção onde se espera que a pessoa que está a receber o treino cumpra determinadas metas e etapas. Para satisfazer o pré-estabelecido, o «coachee» terá de realizar determinadas acções que serão depois avaliadas e estudadas no encontro seguinte com o «coach». “São identificadas as competências que as pessoas já têm dentro delas mas que estão adormecidas. É este desenvolvimento pessoal ao nível das aptidões que se pretende atingir”, reforça a investigadora.
Mas atenção: para se atingir o objectivo máximo do «coaching» é fundamental saber se os serviços que se estão a contratar são fiáveis e credíveis. Para saber qual o ponto da situação do «coaching» no nosso país, Alexandra Barosa Pereira, que está neste momento a ultimar um livro sobre o tema, inquiriu 34 «coachs» portugueses em exercício e chegou a conclusões surpreendentes. “No que diz respeito à qualificação no «coaching», menos de metade dos participantes frequentou uma acção de formação específica na área e apenas pouco mais de um terço indicou encontrar-se certificado para o desempenho desta actividade”, refere a especialista no seu estudo.
“Encontramos aqui a primeira deficiência dos «coachs» inquiridos neste estudo. Chamamos-lhe deficiência porque aos olhos dos estudiosos do «coaching» a certificação será essencial, não só para o exercício como profissional mas também para a credibilização da prática profissional em si”, sublinha Alexandra Barosa Pereira, realçando que a contratação dos serviços de «coaching» deve variar entre os seis meses e um ano.
Outra conclusão pertinente a que chegou é que apenas 8,8% dos participantes se dedicavam em exclusivo a esta actividade, sendo que a maioria a ela se dedica há apenas um ano. Apesar de tudo, “a maior parte dos entrevistados teve contacto com códigos deontológicos do International Coaching Community”, acrescenta-se no estudo. Diogo Alarcão, «market leader» da consultora Mercer que atribuiu o prémio à investigadora, lembra que “o tema «coaching» é praticamente desconhecido em Portugal e muito pouco estudado, embora seja cada vez mais praticado por empresas a nível mundial”.
“Está na altura de se divulgar as vantagens que as práticas de «coaching» têm não só para os quadros que aderem a este tipo de programas como também para as próprias empresas. Para a realidade portuguesa, este estudo é determinante porque vem alertar para a necessidade da existência de profissionais devidamente credenciados para ensinar e acompanhar os nossos executivos”, sublinha o responsável da Mercer.
Especialista com créditos firmados no «business coach», a Action (eleita o melhor «franchising» de 2006 no Reino Unido) está em Portugal há um ano e já vendeu o conceito a 12 franchisados. “Só nos primeiros três meses deste ano, já emitimos mais cinco licenças”, realça Paulo de Vilhena, «master franchising» e director-geral da Action Portugal. “O Business Coaching assenta num modelo de consultoria de gestão que orienta o empresário e ajuda-o a pensar de uma forma estruturada. Mas faz uma abordagem transversal de todo o negócio, das vendas ao «marketing», às áreas financeira e operacional”, explica Paulo de Vilhena, lembrando que o “business coaching” foi considerado a segunda indústria de maior crescimento na próxima década".
O «coach» ensina ao seu «coachee» algo aparentemente tão simples como gerir o seu tempo e canalizar os seus esforços de gestão para as áreas que realmente interessam. “Uma das maiores falhas do mundo empresarial tem a ver com a gestão do tempo, por exemplo. Dá-se, pois, a noção de que o «coachee» não se deve envolver em todos os detalhes operacionais que acontecem na empresa, de forma a ter tempo para fazer o controlo estratégico e a gestão do negócio propriamente dito”, pormenoriza o responsável da Action Portugal, cuja tabela de preços depende do pacote de serviços requerido, mas poderá variar entre os 500 e os 4000 euros anuais.
Para este especialista, que passou por um período de formação de seis meses, parte dos quais nos Estados Unidos, “o «business coach» faz com um empresário o mesmo que um treinador com o atleta de competição: orientá-lo, treiná-lo e dirigi-lo para que tenha melhores resultados”. Para divulgar este conceito, a Action vai receber, entre 25 e 30 de Março, em Sintra, Brad Sugars, fundador do império Action Coach, especialista em «business coaching», com mais de um milhão de clientes em todo o mundo. Criou a sua empresa de formação de executivos em 1993 e está actualmente presente em 23 países, entre os quais Portugal.