Está a aumentar a adesão dos trabalhadores portugueses a uma política salarial sustentada no desempenho. Segundo o último estudo Kelly Global Workforce Index, organizado globalmente pela empresa de recrutamento Kelly Services no país onde está representada, a remuneração em função do desempenho está a ganhar adeptos entre os portugueses que acreditam mesmo que este modelo de cálculo salarial é um de acelerador da produtividade.
Cerca de 36% dos portugueses inquiridos no estudo da Kelly Services têm a sua remuneração ligada a alguma forma de objetivos de desempenho ou de produtividade e entre os que não têm, adianta Afonso Carvalho, diretor geral da Kelly Services Portugal, 55% admitem que seriam mais produtivos se o seu vencimento estivesse ligado aos resultados de desempenho. Uma primeira análise às conclusões do estudo permite observar um apoio alargado a uma política salarial sustentada no desempenho dos trabalhadores, com mais de um terço dos portugueses a referirem que se encontram enquadrados num sistema de remuneração variável.
Para Afonso Carvalho, os dados espelham uma tendência que reflete o reconhecimento de que as organizações e as pessoas obtêm um melhor desempenho quando os seus interesses estão alinhados, nomeadamente através da remuneração baseada em incentivos. “Há muitos trabalhadores que confiam claramente na sua capacidade para desempenhar bem a sua função e como tal desejam ter a oportunidade de serem compensados de acordo com o seu desempenho”, enfatiza o diretor geral da Kelly Portugal. Mas a tendência não é exclusiva ao mercado de trabalho nacional. O documento aponta para o crescimento da remuneração em função do desempenho em todo o mundo, com particular enfoque nas economias de rápido crescimento na Região APAC (Ásia Pacífico), por oposição a países desenvolvidos como a Dinamarca e a Suécia que regista as menores percentagens. “Quase metade dos trabalhadores em todo o mundo concordam que teriam uma melhor produtividade se a sua remuneração estivesse ligada ao seu desempenho e produtividade, contudo, menos de metade são remunerados desta forma”, explica o responsável.
A remuneração baseada no desempenho inclui acordos em que uma componente variável da remuneração total está ligada ao cumprimento de objetivos, incluindo a participação nos lucros, bónus de desempenho e comissões sobre as vendas. Para Afonso Carvalho, este foco renovado em formas de melhorar a produtividade nas empresas, trouxe uma nova ênfase ao papel da remuneração como instrumento de melhoria do desempenho do negócio. No caso específico dos trabalhadores portugueses, apenas 26% dos inquiridos concorda que a sua atual remuneração é adequada e entre os quadros superiores e técnicos, as taxas mais elevadas de remuneração com base no desempenho situam-se nas Vendas (71%), no Marketing (47%) e nas Tecnologias de Informação (36%).
Segundo Afonso Carvalho, “os modelos de incentivos para premiar o desempenho podem traduzir-se numa situação em que todos ganham”. Esclarece o diretor geral da Kelly Services que “os trabalhadores podem beneficiar da oportunidade para trabalhar melhor e aumentar a sua capacidade para regrar rendimento, ao mesmo tempo que as entidades empregadoras beneficiam de um aumento de produtividade e de recursos humanos mais empenhados”. O estudo da Kelly Services reuniu respostas de mais de 120 mil inquiridos oriundos de 31 países, incluindo 7000 em Portugal.
Radiografia das remunerações
Anualmente, a Kelly Services realiza o Global Workforce Index (KGWI), um estudo que revela opiniões sobre as questões relacionadas com o mercado de trabalho. Nesta edição a análise remuneratória assumiu um papel de destaque com conclusões que evidenciam uma prática crescente de aplicação de pacotes salariais indexados ao desempenho dos colaboradores, país-a-país:
• China 75%
• Tailândia 75%
• Indonésia 75%
• Malásia 72%
• Rússia 70%
• Índia 67%
• Singapura 63%
• Hong Kong 62%
• Polónia 55%
• África do Sul 50%
• Brasil 48%
• Holanda 48%
• México 47%
• Porto Rico 47%
• Bélgica 45%
• Alemanha 43%
• Suíça 40%
• Canadá 40%
• Hungria 38%
• Portugal 36%
• Nova Zelândia 36%
• Luxemburgo 36%
• França 36%
• Itália 35%
• Noruega 32%
• EUA 32%
• Reino Unido 30%
• Austrália 29%
• Irlanda 26%
• Suécia 24%