Maribela Freitas e Diogo Archer
SEIS das 11 maiores multinacionais presentes em Portugal estão
à procura de profissionais para os seu quadros. A preferência
vai para candidatos com uma sólida formação universitária,
experiência profissional anterior e com domínio absoluto
das línguas inglesa e espanhola.
Se preenche apenas os dois últimos requisitos não desanime.
É que algumas das empresas contactadas pelo EXPRESSO estão
a dar oportunidades a recém-licenciados para que estes mostrem
o que valem. É o caso da Siemens e da Tabaqueira.
De acordo com Pedro Henriques, director de recursos humanos daquela
multinacional, «neste momento temos por preencher algumas dezenas
de vagas, em função dos concursos de trabalho que vamos
ganhando». Telecomunicações e electrónica
são algumas das áreas procuradas. A política contratual
da Siemens tem passado pela aceitação de recém-licenciados
e não estão a prever despedimentos. Aliás, essa
é também a posição do Grupo Auchan. Segundo
Nuno Simões, chefe da secção de recrutamento e
desenvolvimento humano deste grupo «não estamos a despedir,
mas sim a precisar de mais pessoas, pois estamos a crescer».
Acrescenta que «não há um número fechado
para o recrutamento, existem números indicativos sobretudo na
área comercial. O objectivo é aproveitar os elementos
que realmente se enquadrem no perfil definido, tendo em conta a gestão
previsional de recursos humanos do grupo».
Também para a Nestlé Portugal, «o colaborador
deverá estar identificado com os valores e a cultura do grupo»,
refere Alfredo Silva, director de recursos humanos desta estrutura.
Assim, qualidades como: capacidade e vontade de tomar iniciativas, correr
riscos e manter o autocontrolo; iniciativa e capacidade para promover
um clima de inovação e originalidade e disponibilidade
para aceitar desafios internacionais, fazem parte do perfil de trabalhadores
que esta empresa quer atrair para as 15 a 20 vagas que tem em aberto,
para as áreas comercial, informação médica,
logística e produção. Já para a Continental
Mabor importam «profissionais dinâmicos, organizados
e flexíveis», refere Leonor Rachado, da direcção
de recursos humanos da empresa. Ao nível de contratações
têm quatro vagas em aberto para engenharia, entre outras áreas.
A BP é mais uma das multinacionais que estão a contratar.
Para 2005 tinham seis vagas em aberto, restando apenas três por
preencher até ao final do ano em engenharia e gestão.
Para a empresa, o tipo de trabalhador preferido é aquele que
«sinta 'paixão' pelo seu trabalho, pois esta é
uma alavanca extremamente importante do ponto de vista da motivação
pessoal, garantia imprescindível para um correcto 'focus' nos
nossos clientes», frisa Celso Pereira, director de recursos
humanos da BP.
Por último, e no âmbito das multinacionais que estão
a contratar, surge a Tabaqueira SA/Philip Morris. As ofertas de trabalho
são publicitadas na sua página «on-line»,
onde neste momento figuram sete vagas (das quais seis para recém-licenciados)
para finanças, recursos humanos, sistemas de informação,
«marketing» e vendas, operações e manutenção.
Mas há quem não admita explicitamente estar a contratar.
A Vodafone refere a este respeito que «uma vez que o nosso
novo ano fiscal só teve início a 1 de Abril de 2005, a
informação sobre contratações ainda não
está disponível. No entanto, só se prevêem
recrutamentos em casos pontuais», explica Luísa Pestana,
directora de comunicação institucional, apoio à
gestão e responsabilidade social.
António Cerejeira, director de recursos humanos da IBM, refere
que «a estratégia da empresa tem vindo a evoluir para
um modelo assente no desenvolvimento e retenção de competências
como um complemento ao recrutamento e procura de novos talentos no mercado».
Segundo dados divulgados pela Agência Lusa, a IBM vai reduzir
mundialmente 4% da sua força de trabalho (em cerca de 13 mil
pessoas) e Portugal não ficará imune a esta reestruturação.
Do lado das multinacionais que não estão a recrutar trabalhadores,
destaca-se a Volkswagen Autoeuropa. Depois de um período de contratações
também a Select/Vedior parou de admitir novos funcionários.
«Temos uma política de avaliação da produtividade
dos nossos empregados. Podemos efectuar alguns despedimentos pontuais
e, de tempos a tempos, precisar de novos trabalhadores», frisa
Mário Costa, director-geral desta empresa. Da parte da RCI Gest
não foi possível obter dados atempadamente.
Mercado em expansão
DE ACORDO com as empresas de recursos humanos Michael Page e Ray Human
Capital, depois de um período de estagnação ao
nível de contratações, as multinacionais em Portugal
começam novamente a admitir trabalhadores.
Para Manuel Arroja, director-geral da Michael Page,
«a área
comercial é a mais requisitada, existindo também procura
no marketing». Margarida Lousada, sénior consultant
da Ray Human Capital adiciona as tecnologias de informação,
recursos humanos e área financeira.
«Neste momento as solicitações das multinacionais
correspondem a perfis mais polivalentes no que respeita a áreas
de competências e níveis de responsabilidade»,
frisa a especialista. Quanto ao perfil e como base na sua experiência
em processos de recrutamento para multinacionais aponta como imprescindível:
ter background académico e profissional consistente; experiência
em contextos multinacionais; domínio do inglês e espanhol,
entre outras línguas; formação em informática,
etc.
«Em regra, o factor crítico de sucesso na integração
e desempenho dos profissionais nestas empresas reside na avaliação
de competências e características pessoais»,
frisa Margarida Lousada.
Manuel Arroja acrescenta a importância do factor experiência
na área em que se contrata. Quanto ao andamento do mercado de
trabalho está optimista e refere que
«as necessidades
de contratação nas empresas existem e esperamos alguma
recuperação para este ano»