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Recrutar na crise

Apesar da crise, seis das 11 maiores multinacionais a operar em Portugal estão a recrutar pessoal
06.05.2005


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Maribela Freitas e Diogo Archer

SEIS das 11 maiores multinacionais presentes em Portugal estão à procura de profissionais para os seu quadros. A preferência vai para candidatos com uma sólida formação universitária, experiência profissional anterior e com domínio absoluto das línguas inglesa e espanhola.
Se preenche apenas os dois últimos requisitos não desanime. É que algumas das empresas contactadas pelo EXPRESSO estão a dar oportunidades a recém-licenciados para que estes mostrem o que valem. É o caso da Siemens e da Tabaqueira.


De acordo com Pedro Henriques, director de recursos humanos daquela multinacional, «neste momento temos por preencher algumas dezenas de vagas, em função dos concursos de trabalho que vamos ganhando». Telecomunicações e electrónica são algumas das áreas procuradas. A política contratual da Siemens tem passado pela aceitação de recém-licenciados e não estão a prever despedimentos. Aliás, essa é também a posição do Grupo Auchan. Segundo Nuno Simões, chefe da secção de recrutamento e desenvolvimento humano deste grupo «não estamos a despedir, mas sim a precisar de mais pessoas, pois estamos a crescer».

Acrescenta que «não há um número fechado para o recrutamento, existem números indicativos sobretudo na área comercial. O objectivo é aproveitar os elementos que realmente se enquadrem no perfil definido, tendo em conta a gestão previsional de recursos humanos do grupo».

Também para a Nestlé Portugal, «o colaborador deverá estar identificado com os valores e a cultura do grupo», refere Alfredo Silva, director de recursos humanos desta estrutura. Assim, qualidades como: capacidade e vontade de tomar iniciativas, correr riscos e manter o autocontrolo; iniciativa e capacidade para promover um clima de inovação e originalidade e disponibilidade para aceitar desafios internacionais, fazem parte do perfil de trabalhadores que esta empresa quer atrair para as 15 a 20 vagas que tem em aberto, para as áreas comercial, informação médica, logística e produção. Já para a Continental Mabor importam «profissionais dinâmicos, organizados e flexíveis», refere Leonor Rachado, da direcção de recursos humanos da empresa. Ao nível de contratações têm quatro vagas em aberto para engenharia, entre outras áreas.

A BP é mais uma das multinacionais que estão a contratar. Para 2005 tinham seis vagas em aberto, restando apenas três por preencher até ao final do ano em engenharia e gestão. Para a empresa, o tipo de trabalhador preferido é aquele que «sinta 'paixão' pelo seu trabalho, pois esta é uma alavanca extremamente importante do ponto de vista da motivação pessoal, garantia imprescindível para um correcto 'focus' nos nossos clientes», frisa Celso Pereira, director de recursos humanos da BP.

Por último, e no âmbito das multinacionais que estão a contratar, surge a Tabaqueira SA/Philip Morris. As ofertas de trabalho são publicitadas na sua página «on-line», onde neste momento figuram sete vagas (das quais seis para recém-licenciados) para finanças, recursos humanos, sistemas de informação, «marketing» e vendas, operações e manutenção.

Mas há quem não admita explicitamente estar a contratar. A Vodafone refere a este respeito que «uma vez que o nosso novo ano fiscal só teve início a 1 de Abril de 2005, a informação sobre contratações ainda não está disponível. No entanto, só se prevêem recrutamentos em casos pontuais», explica Luísa Pestana, directora de comunicação institucional, apoio à gestão e responsabilidade social.

António Cerejeira, director de recursos humanos da IBM, refere que «a estratégia da empresa tem vindo a evoluir para um modelo assente no desenvolvimento e retenção de competências como um complemento ao recrutamento e procura de novos talentos no mercado». Segundo dados divulgados pela Agência Lusa, a IBM vai reduzir mundialmente 4% da sua força de trabalho (em cerca de 13 mil pessoas) e Portugal não ficará imune a esta reestruturação.

Do lado das multinacionais que não estão a recrutar trabalhadores, destaca-se a Volkswagen Autoeuropa. Depois de um período de contratações também a Select/Vedior parou de admitir novos funcionários. «Temos uma política de avaliação da produtividade dos nossos empregados. Podemos efectuar alguns despedimentos pontuais e, de tempos a tempos, precisar de novos trabalhadores», frisa Mário Costa, director-geral desta empresa. Da parte da RCI Gest não foi possível obter dados atempadamente.


Mercado em expansão

DE ACORDO com as empresas de recursos humanos Michael Page e Ray Human Capital, depois de um período de estagnação ao nível de contratações, as multinacionais em Portugal começam novamente a admitir trabalhadores.

Para Manuel Arroja, director-geral da Michael Page, «a área comercial é a mais requisitada, existindo também procura no marketing». Margarida Lousada, sénior consultant da Ray Human Capital adiciona as tecnologias de informação, recursos humanos e área financeira.

«Neste momento as solicitações das multinacionais correspondem a perfis mais polivalentes no que respeita a áreas de competências e níveis de responsabilidade», frisa a especialista. Quanto ao perfil e como base na sua experiência em processos de recrutamento para multinacionais aponta como imprescindível: ter background académico e profissional consistente; experiência em contextos multinacionais; domínio do inglês e espanhol, entre outras línguas; formação em informática, etc. «Em regra, o factor crítico de sucesso na integração e desempenho dos profissionais nestas empresas reside na avaliação de competências e características pessoais», frisa Margarida Lousada.

Manuel Arroja acrescenta a importância do factor experiência na área em que se contrata. Quanto ao andamento do mercado de trabalho está optimista e refere que «as necessidades de contratação nas empresas existem e esperamos alguma recuperação para este ano»




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