Fernanda Pedro
QUEM não reconhece a famosa língua dos Rolling
Stones que se transformou no símbolo da banda em todo o mundo.
Em muitos casos, é a partir do "design" da capa de lançamento
de um disco que um músico ou grupo ganha identidade. Uma imagem
que nasce da criação de um artista de "design".
Em Portugal, muitos desses símbolos surgem da criatividade de Ana
Araújo e Rui Ferreira, um jovem casal de 35 anos que fundou a Mediacaos
e que criou a maioria das capas de CD editados no nosso país.
Na verdade, qualquer grupo, banda, cantor ou músico nacional
já lançou um CD onde a criatividade deste casal esteve
presente. A aposta numa empresa dedicada à área de "design"
e multimédia foi decisiva há cerca de oito anos quando
se iniciou em Portugal a produção de CD e dos trabalhos
gráficos através das novas tecnologias.
Mesmo sem a ideia pré-definida que seria este o mercado que levaria
ao crescimento da empresa, Ana Araújo, com uma licenciatura em
Ciências da Comunicação e Rui Ferreira, formado
em Design da Comunicação, depressa se impuseram no mundo
do "design" com a Mediacaos.
O factor determinante para o sucesso foi o facto da Vidisco ter escolhido
Ana e Rui como principais "designers" para a capa dos CD que
produziam - apesar de a Mediacaos ter hoje outros clientes, como a EMI,
a Universal ou a Sony.
Ana Araújo e Rui Ferreira recordam que os primeiros passos no
mundo dos negócios passaram pela transformação
do quarto do casal num escritório e, a partir daí, as
encomendas nunca mais pararam. "Desenhámos milhares de
capas para CD no mercado português e africano. Trabalhámos
de forma alucinante, mas eram as regras do mercado", recordam.
Hoje têm 12 pessoas a trabalhar consigo e a área de negócio
estendeu-se a outros produtos além das capas de CD. Foi a Mediacaos
que criou a imagem do Cascais Shopping, do centros comerciais Vasco
da Gama e Via Catarina, do Guimarães Shopping, Madeira Shopping
e da Estação Viana.
Ana Araújo e Rui Ferreira sentem-se satisfeitos com o crescimento
da empresa e não duvidam de que a aposta num negócio próprio
foi a decisão certa. Começaram por investir cerca de 5500
euros, só para equipamentos. "Acreditámos nas
novas tecnologias e investimos num computador sofisticado para a altura.
Por isso pensamos que agarrámos o negócio na altura certa",
explica Rui Ferreira.
Apesar do sucesso inicial, foi necessário um investimento constante
na empresa. Desde a aquisição de um espaço físico
aos equipamentos, a Mediacaos só conseguiu respirar mais tranquilamente
passados três anos sobre o seu nascimento.
Mas se Ana e Rui passaram momentos de grande satisfação
pelo reconhecimento e crescimento do negócio, também tiveram
alguns momentos de angústia, sobretudo porque dependiam muitas
vezes de terceiros. "As empresas que imprimiam os nossos trabalhos
não cumpriam os prazos e era desesperante para nós",
refere Ana.
Foi por isso que Rui Ferreira partiu para outro negócio e, sem
abandonar a Mediacaos, fundou, há um ano e meio, a Bigprint,
uma empresa de impressão digital. Empreendedor nato, Rui continuou
a explorar novos mercados e cria ainda a Exposystem, uma empresa de
eventos e soluções promocionais. Com esta empresa, Rui
tem já em mãos a construção de painéis
e estruturas de publicidade para o Rock in Rio em Lisboa.