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Fundação concede bolsas para as artes

A Fundação Medeiros e Almeida dá o seu contributo ao ensino universitário ligado às artes através da concessão de bolsas de estudo
20.12.2007


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Marisa Antunes

Os estudantes de artes, com notas acima da média, ganharam um aliado na promoção da sua formação universitária. A Fundação Medeiros e Almeida tem vindo a atribuir anualmente bolsas de estudo para os melhores alunos de cursos como Belas-Artes, Pintura, Escultura, Música, Canto ou Dança.

Dando seguimento à vontade expressa de António Medeiros e Almeida, entretanto falecido, a fundação com o seu nome atribui anualmente bolsas a estudantes a açorianos ou com origens neste arquipélago, por parte do pai ou da mãe, não existindo qualquer critério de necessidade económica mas sim de vocação artística, cujo reflexo mais imediato se revele no aproveitamento escolar. Os alunos poderão frequentar cursos universitários em Portugal continental ou arquipélagos.

Também ele de origem açoriana, Medeiros e Almeida tinha como grande paixão pela sua ecléctica e preciosa colecção de arte que no final da sua vida, em 1986, somava já 2600 peças, entre quadros, esculturas, mobiliário diverso, relógios e jóias. Cinquenta dessas peças são únicas no mundo, como explica Teresa Vilaça, directora da Casa-museu Medeiros e Almeida.

“Medeiros e Almeida tinha o grande desejo de eternizar o seu nome à vertente cultural, não só através da sua colecção mas também das bolsas de estudo”, pormenoriza a responsável.

Ao todo, são 18 os cursos beneficiados (ver caixa) e as candidaturas devem ser apresentadas no início do ano lectivo, através da secretaria dos serviços académicos da Universidade dos Açores, através da ficha de candidatura que se encontra disponível em www.fundacaomedeirosealmeida.pt onde se encontra também o regulamento das bolsas.

Falecido em 1986, Medeiros e Almeida sempre quis partilhar com os apreciadores de arte a sua colecção privada, uma da mais valiosas em Portugal. Peças de elevado valor como os quadros de Rubens, Ribera ou Delacroix, o serviço de chá, em prata, utilizado por Napoleão no seu exílio em Santa Helena, o relógio que pertenceu à imperatriz Sissi, e que se encontrava no seu palácio de férias, ou o relógio de bolso do general Junot, são algumas das peças que Medeiros e Almeida conseguiu adquirir para o seu espólio.

“A colecção foi deixada com a finalidade de ser mostrada ao público e após a remodelação da casa, de forma a adaptá-la a museu, as portas foram abertas em 2001”, salienta Teresa Vilaça.

Apesar da vontade do fundador, o museu localizado bem no centro de Lisboa, na Rua Rosa Araújo, uma transversal à Avenida da Liberdade, ainda está longe da afluência desejada. Com uma média de apenas 500 visitantes mensais, a esmagadora maioria estrangeiros, o museu, instalado num palácio oitocentista, sobrevive através de meios totalmente próprios, carecendo de mais divulgação que contribua para o aumento do número de visitantes.

O fundador

Nasceu em Lisboa, em 1895, mas era filho de pais açorianos. Empresário de sucesso, em meados do século XX, Medeiros e Almeida foi responsável pela importação dos primeiros carros utilitários que chegaram a Portugal, da marca Morris, tendo sido também pioneiro na aviação comercial, ao fundar a primeira companhia aérea comercial em terras lusas.

Dono da fábrica de Fiação de Torres Novas e representante do grupo açoriano Bensaúde, com áreas de actuação bem diversas, das fábricas de beterraba ao álcool e tabaco, passando pela navegação marítima ou os seguros, o dinâmico empresário canalizou uma boa parte da fortuna que entretanto acumulou para a sua colecção.

Do casamento com uma açoriana não resultaram filhos, por isso tentou colmatar esse vazio com a paixão pelas artes e pelo coleccionismo.

Quem se pode candidatar?
- Apenas universitários nascidos nos Açores, ou que descendam de pais açorianos ou ainda que residam no arquipélago há mais de cinco anos podem candidatar-se às bolsas da Fundação Medeiros e Almeida.
- Alguns dos cursos contemplados incluem Arqueologia e História, Arquitectura, Artes Decorativas e Design, Artes Plásticas, Pintura, Escultura, Composição, Canto, Dança, Conservação e Restauro, Estudos Artísticos, Fotografia, História da Arte, Património, Música e Teatro.
- A bolsa é atribuída durante todo o ano lectivo (dez meses) e pode ser concedida pelos anos de duração de um determinado curso, desde que o aluno mantenha o bom aproveitamento.
- As bolsas são atribuídas prioritariamente aos melhores alunos, cuja média seja superior a 14 valores.
- O valor da bolsa é fixado anualmente com a aprovação do Orçamento da Fundação. Este ano, segundo a directora do museu, a prestação da bolsa aproxima-se do salário mínimo nacional.





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