Competências sociais (de relacionamento humano) e de raciocíonio matemático. São estes, segundo o professor de Harvard, David Deming, os dois grandes trunfos dos profissionais que queiram tornar-se imunes ao desemprego no futuro. Em setembro, um estudo do World Economic Forum - Future of Jobs - avançava que mais de cinco milhões de empregos serão destruídos até 2020, à medida que soluções no campo da inteligência artificial, robótica, nanotecnologia e outros contextos sócio-económicos substituem a necessidade de “trabalhadores humanos”. Para os que se perguntam se isto será possível na sua área de atuação, se atingirá por exemplo profissões como a medicina ou a advocacia, o economista de Harvard responde que a resposta pode chegar da forma mais dolorosa.
Em muitos escritórios atuais, e mais ainda nos contextos empresariais do futuro, “as pessoas vão mover-se de forma acelerada por diferentes projetos e funções, relembrando a dinâmica praticada em muitos modelos de ensino pré-escolar”, explica David Deming acrescentando que “tal como no jardim de infância, as mais básicas competências emocionais, como a empatia e a cooperação, serão chave para ser um profissional competitivo e potenciar a empregabilidade”. Porém, ainda que sejam muito relevantes em contextos profissionais cooperativos, as competências emocionais não são, por si só, garante de empregabilidade.
Para o professor da Universidade de Harvard, “a inteligência emocional não é suficiente para garantir o sucesso na carreira”, ainda que ajude. Argumenta o especialista que “a capacidade para compreender e interagir com os outros pode garantir um emprego no futuro, mas se essa for a única arma do seu arsenal, o mais certo é que só consiga empregos mal remunerados”.
Matemática, o passaporte para a empregabilidade
As competências de raciocínio matemático e analítico são, na opinião de David Deming, o grande garante da empregabilidade nas empresas do futuro. Não o calculo normal, associado a funções como a banca, mas a combinação das soft skills e da matemática. A análise do especialista demonstra que os novos panoramas profissionais e os empregos vão exigir ambas as valências, tal como “competências de gestão, computação, gestão financeira, enfermagem especializada” que, explica o docente, “tem sido alguma das áreas profissionais de maior crescimento nas últimas décadas”.
Aos jovens profissionais que agora se preparam para escolher a carreira futura, o especialista relembra que boas competências técnicas no campo das tecnologias e matemáticas são determinantes para o futuro, mas as soft skills e as competências humanas, que ajudará na prática os profissionais a aplicar o seu conhecimento na resolução de problemas reais, não podem ser esquecidas.