Maribela Freitas
OS CTT - Correios de Portugal SA inauguraram recentemente
um Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação
de Competências (Centro RVCC). Com esta acção, a empresa
pretende atingir um universo de cerca de 4000 funcionários com
habilitações inferiores ao 9.º ano de escolaridade,
que podem ver valorizados neste centro os conhecimentos adquiridos ao
longo da vida.
No Centro de RVCC os interessados poderão obter uma certificação
equivalente ao 3.º ciclo (9.º ano), 2.º ciclo (6.º
ano) ou 1.º ciclo (4.º ano) do Ensino Básico, através
de um processo de reconhecimento e validação das competências
adquiridas ao longo da vida, completado nos casos em que tal seja necessário,
por formação ajustada às necessidades.
«Queremos atingir 300 certificações por
ano», explica Carlos Capela, responsável pelo
Centro RVCC dos CTT. A empresa possui um universo de mais de quinze
mil trabalhadores em que cerca de quatro mil não têm o
nono ano de escolaridade. Carlos Capela refere que à partida
«não iremos abranger este universo na totalidade,
pois podem existir casos que não se enquadrem aqui».
Além disso, todo o processo começa pela inscrição
do trabalhador no centro — que tem de partir da sua livre iniciativa
—, depois é feita uma triagem em que se avaliam e se investigam
as competências, se reconhecem e avaliam as componentes em falta
e só depois, se avança para 25 horas de formação.
Este processo está ainda estruturado em quatro áreas de
competências-chave: linguagem e comunicação; matemática
para a vida; tecnologias de informação e comunicação
e cidadania e empregabilidade. Só depois de percorrido todo este
caminho é que se atribui o respectivo diploma.
O centro dos CTT foi criado em Agosto passado e neste momento são
seis os trabalhadores em processo de revalidação de competências.
«Actualmente temos 70 inscrições e vamos
avançar com novos grupos em Lisboa, Porto, Coimbra e Lamego/Armamar»,
salienta Carlos Capela. Acrescenta que «dentro de quatro
ou cinco anos pretendemos ter atingido já todos os trabalhadores
interessados neste processo».
Para o presidente desta empresa, Carlos Horta e Costa, «esta
iniciativa surge pela responsabilidade social que nos cabe enquanto
grande empregador nacional, mas também porque acreditamos que
seremos uma empresa melhor, mais inovadora e competitiva, com trabalhadores
mais qualificados».
O Centro RVCC dos CTT é autofinanciado e a sua criação
«inscreve-se num projecto mais vasto e de maior alcance
nacional: elevar os níveis de qualificação da população
activa portuguesa, reduzir o abandono escolar precoce, aumentar as taxas
de acesso à educação e formação ao
longo da vida», finaliza Carlos Horta e Costa.
Está também em estudo um projecto de parceria que visa
abrir este centro aos funcionários do Hospital da Estefânia
— num total de 200 — e, assim, contribuir também para a revalidação
das suas competências.