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Crowdfunding: o novo poder de financiamento da multidão

Crowdfunding: o novo poder de financiamento da multidão

A adversidade económica e o colapso da banca deram força a uma nova forma de financiamento: o crowdfunding. A multidão está a transformar-se no principal business angel de muitos empreendedores, ao investir pequenas somas na viabilização dos seus projetos empresariais. Portugal já se rendeu ao conceito.
06.09.2011 | Por Cátia Mateus


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Dois euros é pouco dinheiro mas para muitos empreendedores é um degrau a menos na longa escadaria do financiamento. Assim foi para os Marillion, quando a banda britânica deixou de conseguir financiar a sua tournée, em 1997. Não estavam, naturalmente, em causa apenas dois euros, mas quando a banda deu a notícia aos fãs na Internet, o poder da multidão enquanto catalisador de oportunidades fez-se sentir e os Marillion angariaram, através de donativos individuais, qualquer coisa como 41 mil euros. Inspiração ou réplica, a realidade é que o conceito de crowdfunding está a ganhar cada vez mais terreno em Portugal. De tão recente que é ainda não se lhe encontrou uma tradução à altura, mas a existir uma, talvez se optasse por algo como financiamento cívico. Na essência, o crowdfunding permite à multidão anónima investir, através de plataforma própria na internet, pequenos montantes no financiamento de projetos ou negócios. Dizem os especialistas que, por todo o mundo, a adversidade económica, o colapso dos mercados e da banca fortaleceram este conceito e fizeram-no ganhar uma força global, em muito potenciada também pelo advento das redes sociais. Portugal não foge à tendência e a primeira plataforma desenvolvida com esta missão resulta da iniciativa de Paulo Silva Pereira, Yoann Nesme, Pedro Domingos e Pedro Oliveira, que em comum têm uma passagem pelo The Lisbon MBA International e “uma paixão assumida pela colaboração coletiva e pelo potencial de inovação que existe em cada individuo”. Juntos deram forma real e virtual à PPL (que em inglês é a abreviatura para pessoas) em www.ppl.com.pt. A partir daqui é possível encontrar e financiar projetos criativos e empreendedores. Segundo Paulo Silva Pereira, “toda a plataforma de crowdfunding integra três entidades distintas: os projetistas, os apoiantes e a plataforma”. Explica o responsável que “o objetivo dos projetistas é obter apoio suficiente para lançarem o seu projeto, mas tal só é possível se o tornarem suficientemente apelativo aos apoiantes, oferecendo prémios relevantes em troca desse apoio e provando que têm um projeto viável”. Com o website criado desde maio de 2011, a plataforma da PPL entrou em funcionamento apenas em Agosto, existindo no páis outros dois projetos semelhantes. Qualquer pessoa pode ser um investidor nesta plataforma e a ferramenta permite que nenhum montante, por mínimo que seja, fique desconsiderado. Aqui é possível apoiar uma diversidade imensa de projetos desde o lançamento de uma nova revista, uma ideia de negócio, o lançamento de um livro, um CD de uma banda, entre inúmeras outras possibilidades. Para propor um projeto basta fazê-lo através da plataforma e aguardar a validação da PPL. Para apoiar um, basta estar registado na plataforma. “Caso o autor da ideia angarie o valor do financiamento solicitado, dentro do prazo proposto por si, receberá a totalidade desse financiamento que poderá ser superior a 100% e pagará uma comissão de 5% à plataforma. Se não conseguir angariar o montante, não há qualquer custo para nenhuma das partes e o dinheiro é totalmente devolvido a cada apoiante”, revela a equipa. Yoann Nesme explica que “um fator crítico de sucesso do crowdfunding é que nenhuma das três entidades envolvidas processo ganha de forma isolada. Um projetista, um apoiante ou o PPL apenas ganham se garantirem que os três em conjunto ganham”. Num prazo de três semanas, a PPL conseguiu lançar sete projetos e tem igual número em finalização de detalhes para lançamento na plataforma. “Temos já cerca de 200 utilizadores ativos na plataforma, que financiaram projetos em valor acima de dois mil euros e nas redes sociais temos mil seguidores ativos, Para nós e dado facto de termos entrado no mercado recentemente, são números muito positivos”, congratula-se Pedro Domingos. Para a equipa, o potencial do crowdfunding no fomento ao empreendedorismo, sobretudo em época de adversidade como a que o país atravessa, é gigante. “Temos um país pleno de pessoas criativas e com conhecimento para executar projetos eficientes e apelativos. Faltam, contudo, incentivos ao empreendedorismo. Nomeadamente, a projetos de pequena e média dimensão, que consigam ultrapassar as atuais barreiras rígidas ao financiamento e à iniciativa em geral”, defende Pedro Oliveira. Os quatro mentores do projeto PPL enfatizam a ideia de que em Portugal há capacidade para empreender e para ser referência do elevado valor do capital humano “não pela quantidade, mas sim pela qualidade”. O quarteto de empreendedores acredita que “este conceito de crowdfunding estabelece os incentivos necessários, o meio de comunicação e a transferência de recursos necessária para viabilizar estes projetos”. Ainda assim, Paulo Silva Pereira acredita que “hoje existem menos barreiras à entrada de negócios online, dada a proliferação do open source”. A PPL quer agora estreitar a ligação ao meio académico português para entender como a plataforma se deve ajustar e à realidade nacional e que impactos terá para fazer crescer o país e o empreendedorismo nacional.


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