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Portugal aposta no trabalho temporário
Cerca de metade das empresas portuguesas utilizam
serviços de trabalho temporário, é o resultado do
mais recente estudo da Hays Personnel.
Uma década depois do lançamento das primeiras empresas
de TT a maior parte da mão-de-obra recrutada é indiferenciada
e não especializada, mas começa a ser visível a
utilização de trabalhadores temporários em posições
séniores e técnicas.
A Hays Personnel justifica o facto com a mudança das condições
de mercado. As empresas "têm necessidade de recrutar trabalhadores
para projectos específicos".
Aponta ainda que "a verdadeira mudança chegou através
dos próprios trabalhadores. Há alguns anos era difícil
recrutar mão-de-obra especializada, técnica e qualificada
através de contratos temporários."
Esta procura das empresas de TT por parte dos trabalhadores qualificados
é apontada pela Hays como resultado da crise no mercado laboral.
"Muitos que antes não consideravam um contrato de trabalho
temporário, são agora, por necessidade forçados,
considerando a actual crise no mercado de trabalho, a aceitá-lo."
Das mais de mil empresas inquiridas para este estudo, durante o mês
de Abril do corrente, a maioria (83%) pertence à região
da Grande Lisboa.
Foi apurado que as organizações de maior dimensão
estão mais predispostas a utilizar o recrutamento temporário,
uma vez que "enfrentam dificuldades acrescidas em controlar
directamente todos os requisitos de recrutamento".
Já as empresas pequenas recorrem a estes serviços em maior
número do que as médias, situação para a
qual a Hays sugere a hipótese de que "as empresas pequenas
tenham menos serviços internos, como o de recursos humanos, por
exemplo."
Os sectores da construção e da indústria são
os que mais utilizam os trabalhadores temporários. As "necessidades
de aumentar ou baixar a produção de acordo com as necessidades
do mercado" e a resposta a "projectos específicos"
são as razões apontadas para a preferência destes
sectores.
Estes são também os principais motivos invocados pelas
empresas em geral para o uso dos serviços de TT.
A necessidade de mão-de-obra extra devido a um aumento de trabalho
ou para cobrir férias ou baixa médica dos funcionários
são os factores que levam à procura destes trabalhadores.
A pesquisa também refere que são poucas as organizações
que recorrem a estes processos como método de recrutamento.
A qualidade dos serviços das empresas de TT foi também
avaliada neste estudo e ficou classificada com um "bom". Mais
de 60% das empresas mostraram-se bastante satisfeitas com os serviços.
Para Miguel Figueiredo, do Banco Finantia, "o recurso ao trabalho
temporário tem de ser encarado cada vez mais como uma opção
de futuro, uma vez que permite flexibilizar e dotar as organizações
de estruturas mais polivalentes", remata.
Ana Bentes Bravo