Gestão de Recursos Humanos e Outsourcing
O outsourcing de actividades por parte das organizações
é uma simples questão de boa gestão. Há
uma célebre lei das organizações que diz que à
medida que elas crescem a complexidade da sua gestão cresce mais
que proporcionalmente, ou seja, cresce exponencialmente.
Com o crescimento exponencial dos órgãos
de gestão requeridos para suportar o desenvolvimento da empresa,
crescem também exponencialmemte os custos de manutenção
da organização e das suas estruturas de gestão.
O outsourcing das actividades não nucleares das
organizações surge então como uma das vias possíveis
para a melhoria da sua gestão, permitindo a diminuição
dos seus custos de funcionamento global e a concentração
dos esforços de gestão nas actividades consideradas realmente
fundamentais para a organização, aumentando a sua eficácia.
O outsourcing de actividades da função gestão
de recursos humanos não é de forma nenhuma coisa nova.
Muitas grandes empresas começaram pelos refeitórios e
serviços ditos sociais que estavam geralmente dependurados, embora
sem muito interesse, nas Direcções de Recursos Humanos.
Todavia, hoje em dia, as novas tecnologias de informação
têm vindo a dar às organizações cada vez
maiores oportunidades de cederem em outsourcing novas actividades de
gestão de recursos humanos. Como, por exemplo, o recrutamento
e selecção, a formação profissional, a gestão
administrativa de pessoal, incluindo o processamento de salários,
a gestão das questões jurídicas relacionadas com
os contratos de trabalho e o relacionamento com os organismos públicos.
Estas actividades de gestão de recursos humanos
podem ser realizadas em outsourcing relativamente a toda a empresa ou
apenas em relação a sectores determinados da organização,
como centros de contacto telefónico e escrito, gestão
das frotas de veículos, gestão do património, gestão
documental, gestão de lojas de vendas e outros.
Relativamente á gestão de centros de contacto
com clientes, apenas a título de exemplo, podem considerar-se
vários tipos de outsourcing de acordo com a extensão das
actividades entregues à realização externa. Poderá
ser apenas o recrutamento e selecção; ou, então,
o recrutamento, selecção e formação; ou,
ainda, recutamento, selecção, formação,
toda a gestão de pessoal e toda a gestão das operações.
Se a estas actividades acrescentarmos a detenção dos sistemas
de informação, dos equipamentos e das instalações,
chegamos finalmente àquilo a que se chama o outsourcing total.
Existe, portanto, uma grande flexibilidade de opções
quanto ao outsourcing que cada empresa pode fazer dos seus sectores
de actividade. Mas seja qual for a opção, as vantagens
são sempre as mesmas: menores custos de gestão, uma organização
mais leve e flexível, a concentração dessa organização
nas actividades que lhe são nucleares, maior eficácia
na sua realização. Ceder actividades não nucleares
em regime de outsourcing é ,assim, parte do reforço da
capacidade de gestão de cada organização, reduzindo
custos, permitindo a sua concentração naquilo que sabe
fazer melhor e onde cria valor.
Para ceder actividades em outsourcing uma organização
deve ter a capacidade de: primeiro, saber que actividades ou sectores
devem ser cedidos em outsourcing, de acordo com a sua estratégia
de desenvolvimento; segundo, determinar que tipo de outsourcing é
o mais adequado para a actividade ou sector, de acordo com as opções
acima indicadas; e, terceiro, certificar-se que o parceiro escolhido
para realizar as actividades em outsourcing não só é
competente para as realizar hoje, mas é capaz de prestar um serviço
flexível, a longo prazo, com revisões contratuais periódicas.
O outsourcer deve portanto constituir um parceiro de negócios
a longo prazo, com capacidade para ir adaptando a sua actuação
ás necessidades da organização que cede as actividades
e de ir ajustando o contrato da sua prestação às
condições de concretização da parceria de
negócios.
Os bons prestadores de serviços de gestão
de recursos humanos em outsourcing, em vários sectores de actividade,
sabem que uma marca não é apenas um nome - é uma
promessa de valor para os clientes que deve ser cumprida; é uma
relação com aqueles que obtêm esse valor que não
pode ser traída.
Filipe Duarte
Director-Geral do Grupo CRH