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ExpressoEmprego - Barómetro RH 2008 - Amândio da Fonseca



01.01.2000



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Amândio da Fonseca
Administrador do Grupo EGOR



Com um surpreendente número de doutorados e largas dezenas de milhares de jovens licenciados com idades entre os 25 e os 34 anos Portugal está, na perspectiva dum estudo recentemente apresentado, na vanguarda dos recursos humanos mais qualificados na Europa. Sem pôr em causa a pertinência das conclusões importa questionar as razões porque o mercado de emprego em Portugal apresenta assimetrias que contradizem o optimismo que o estudo em causa sugere.


Na verdade a nossa realidade é substancialmente oposta. Estatísticas recentes apontam para o facto de mais de 45.000 licenciados, cinco centenas de detentores de mestrados e meia centena de doutorados estarem em situação de desemprego prolongado. Esta situação resulta, sem ambiguidades, do desfasamento entre as qualificações da referida população, na sua maioria saída das ciências sociais ou de áreas do conhecimento com escassa empregabilidade e as verdadeiras necessidades de técnicos e cientistas qualificados de que as empresas precisam para poderem sobreviver numa economia de inovação.

A resolução deste problema passa, obrigatoriamente, por uma definição de políticas de aconselhamento vocacional ao nível do secundário, o saneamento e contingentação no acesso a cursos que são meros fabricantes de desempregados, por um efectivo envolvimento do tecido empresarial e por um esforço coordenado das universidades e das empresas para a formação de mão da mão de obra, realmente qualificada, no quadro alargado de uma política nacional de dinamização da economia.

Enquanto isso, seria conveniente repensar a política de concessão de bolsas para formar futuros doutorados que, na actual situação, estarão condenados à emigração ou, em alternativa, destinados a engrossar as taxas de desemprego. Como afirmou recentemente o Nobel da Economia Joseph Stiglitz “para garantir o desenvolvimento não basta investir na educação. É preciso também que se aposte na criação de emprego”.






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